Cooperativa

Eles entendem de luta e travam batalhas diárias. Intitulam-se representantes da Al-Qaeda em Santos, mas não precisam de armas e nem planejam destruir os Estados Unidos. São simplesmente catadores de material reciclável e têm um objetivo mais simples, concreto, real e imediato: sobreviver.

Dispostos a garantir comida na mesa e a subsistência de suas famílias, um grupo de 20 pessoas decidiu improvisar uma espécie de cooperativa ao ar livre, depois que o Lixão da Alemoa, na Vila dos Craidores, foi desativado em 2003.

Sem dinheiro e local parta recolher os produtos descartados pela população, eles passaram a usar a rua – a menos de 50 metros da área de transbordo – como ponto de trabalho. Foi assim que surgiu a Al-Qaeda, alusão ao movimento terrosrista comandado por Osama Bin Laden, que tirou o sossego do mundo depois dos ataques de 11 de setembro de 2001 ao World Trade Center, ao Pentágono e ao vôo 93 na Pensilvânia.

“Na época só se falava disso, então, resolvemos usar o nome. Brincamos que somos terroristas do bem. Lutamos para preservar o meio ambiente e tiramos nosso sustento disso”, explica um dos fundadores da cooperativa, André Luiz Alves Pereira, de 26 anos, metade deles vivida à custa do lixo. “Comecei com 13 anos, vim para o Lixão da Alemoa com meus irmãos”.

Material
Todo o material da cooperativa é coletado de caminhões que vão descarregar cargas e entulho na Alemoa. Com a colaboração dos motoristas, eles conseguem juntar cerca de 10 toneladas/dia. São pedaços de madeira, plásticos, papelão, que vão formando pequenas montanhas no que deveria ser a calçada da via.

“É bem difícil, não temos estrutura e nem apoio. Estamos aqui há mais de cinco anos, tem dia que não dá nem R$1,00”, diz o catador Carlos França, de 43 anos.

Com três filhos para criar, ele que já foi eletricista, conta agora somente com essa fonte de renda. “Fiquei desempregado durante três anos e o jeito foi vir para o lixão. Depois que fecharam, tivemos que nos virar”.

Com discurso de quem conhece bem o ramo, os catadores contam que boa parte do material já tem destinação certa. “A madeira a gente vende para padaria, pizzarias e até uma fábrica de vassouras. Tem moradores da favela que também vêm comprar algum item para consertar o barraco”.

Cotação
Na cotação do mercado, os materiais mais valiosos são o alumínio, cerca de R$4,00 o quilo; o cobre, em torno de R$12,00 o quilo, e o metal, algo em torno de R$8,00 o quilo.

“Nada hoje é lixo. Se as pessoas tivessem um pouco mais de consciência, o mundo estaria melhor e livre do efeito estufa. Se tivéssemos apoio, poderíamos reciclar mais e dar sustento para mais famílias”.

Seas ouvirá trabalhadores
A situação dos ex-catadores do Lixão da Alemoa não deverá ser facilmente resolvida, segundo a assessoria da Prefeitura de Santos. Por decisão judicial, o Município está impedido de erguer qualquer tipo de construção física na localidade, devido à falta de regularização fundiária.

Porém, um representante da Secretaria de Assistência Social (Seas) irá nesta semana ao local para conversar com os trabalhadores. O objetivo é ouvir as reivindicações deles e equacionar uma possível solução para o problema.

A assessoria informou ainda que o Município pretende investir mais em reciclagem e estuda ainda a instalação de um novo programa na Vila Nova.

Já o vereador Fábio Alexandre Nunes, o Fabião (PSB), pretende levar ao prefeito João Paulo Tavares Papa (PMDB) a idéia de utilização da área de transbordo do lixão como fonte de renda para os moradores do local.

“Pretendo sensibilizar o prefeito, mostrando que é possível criar uma logística para trabalhar nessa área, com todos trabalhando com EPI. Isso diminuiria muito o volume de resíduo para o aterro e geraria renda”.

(Fonte: Veiculado no Jornal A Tribuna de Santos, em 16/04/2007)

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