Tanto tempo depois, um importante agente da cadeia produtiva reforça o ensinamento do célebre químico e prova ainda que, no mundo do consumismo e da produção em massa, tudo, ou quase tudo, se conserva.

Azulejos antigos, pisos que saíram de linha, portas, janelas, móveis. Materiais que estariam destinados a virar entulho são reaproveitados e vendidos em comércios especializados. É o tipo de negócio que dá lucro não somente para quem o gerencia: representa também um enorme benefício à natureza, ao poupá-la de toneladas de lixo.

Azulejo, por exemplo, é um tipo de produto cujo mesmo modelo é produzido por, no máximo, um ano. Quem precisa quebrar parte da parede do banheiro para consertar um vazamento e não encontra o mesmo tipo de material em lojas de construção para fazer a reposição, pode recorrer a estabelecimentos que vendem azulejos antigos, que já saíram de linha.

Se, por conta da falta de peças no mercado, a pessoa trocasse todas as peças do banheiro, gastaria mais e produziria uma enorme quantidade de entulho. Acontece que a produção de lixo em demasia já é um problema no mundo todo.

Nas três unidades do Tesouro dos Azulejos, estabelecido há oito anos em santos, 15 mil modelos, que somam 60 mil metros quadrados de azulejos e pisos, dividem as extensas prateleiras. Há desde peças antigas, de até cinco décadas atrás, até as mais novas, produzidas há alguns anos, mas que já deixaram de ser fabricadas.

A maioria dos clientes vai em busca de poucas unidades do mesmo modelo que tem em casa, para reparos pontuais, contou o sócio-proprietário, Joel de Oliveira. “Comprar pisos ou azulejos antigos compensa para quem precisa de uma pequena quantidade, porque o preço é de três a quatro vezes maior do que o material novo, vendido nas lojas de construção”, afirmou Oliveira.

De onde vem
O material comprado para revenda é proveniente de sobras de reformas e das demolições. Nesse último caso, é retirado antes que o imóvel vire um amontoado de entulho e vendido aos comerciantes.

Sócio-proprietário do Palácio dos Pisos e Azulejos Antigos, André Souza de Carvalho afirmou que o mercado de produtos novos também abastece as lojas que trabalham com os velhos. “As pontas de estoque, com tudo que foi produzido e não foi vendido, a gente também compra”.

Os condomínios são seus maiores clientes. “Todo dia tem um prédio trocando azulejos de uma coluna, por causa de vazamento, e precisa repor o material exatamente do mesmo modelo”.

Nas lojas especializadas nesse tipo de negócio, que não são poucas em Santos, há pisos e azulejos antigos de diversos tamanhos e diferentes grossuras, cuja unidade custa a partir de R$2,00. Quando não têm o modelo, vão em busca das peças nos concorrentes ou em São Paulo, onde o mercado é variado.

O importante para os comerciantes é estar sempre antenado no mercado. Assim que o produto já parece escasso nas prateleiras porque sua produção foi encerrada, é hora de incluir mais um modelo no cardápio dos materiais antigos.

Pastilhas também são reaproveitadas
Material resistente e ainda valorizado no mercado, as pastilhas usadas normalmente em fachadas ou na face externa dos prédios também são reaproveitadas. Há quase meio século no ramo de reaproveitamento dessas peças e material para construção, o Palácio das Pastilhas, na Encruzilhada, recebe as peças retiradas para reformas, limpa e as recola.

Já as que são retiradas para demolição ou para troca, e já saíram de linha, também são revendidas na loja. Segundo a proprietária do estabelecimento, Joyce Ferreira, no mercado de pastilhas, é difícil encontrar um material com o tom de cor idêntico ao fabricado anos atrás. Por isso, as pastilhas antigas acabam interessando quem pretende fazer reparos em casa ou em prédios.

Pelo preço, comprar peças antigas também compensa. “É cerca de 30% mais barato do que o valor de mercado”.

O metro quadrado desse tipo de peça para revestimento custa, em média, R$70,00, preço até quatro vezes maior do que o de azulejos. Isso porque, segundo Joyce, o material tem uma vida útil muito maior.

Vida útil
“Pastilhas são de porcelana, resistem melhor à chuva e ao sol do que azulejos, que precisam de manutenção”.

“As pastilhas são de porcelana, resistem a chuva e sol por 20 anos. Em 5 ou 6 anos já é necessário mexer em uma fachada de azulejos”.

O negócio de Joyce passou de pai para filho. Começou com seu avô, há 47 anos, e até hoje, vende diversos tipos de material. Nos fundos do estabelecimento, na Rua Barão de Paranapiacaba, Salvador Modesto de Carvalho realiza há 30 anos o artesanal serviço de colar as pastilhas que serão recolocadas.

O especialista em colagem coloca todas enfileiradas, de maneira uniforme, e as deixa pronta para voltarem ao local de onde foram retirados.

No ferro velho, se acham relíquias
Ainda há quem torça o nariz para o ferro-velho. Nesse tipo de comércio, no entanto, encontram-se objetos em ótimas condições de uso. É um nicho de mercado que resiste à lógica do consumismo, ao mesmo tempo em que sobrevive do consumo.

Nos ferros-velhos, há peças de todos os tipos: desde relíquias que precisam de alguns reparos até produtos de qualidade difíceis de encontrar no comércio. Todos poderiam terminar no lixo, mas estão à venda e podem ser uma maneira de economizar para quem está montando ou reformando.

Portões e portas de ferro, alumínio e madeira, janelas, grades, conjuntos sanitários, pias de granito, tubulação, telhas de amianto e de barro, lustres, móveis, pratarias, alguns eletrodomésticos antigos e até manequim de loja de roupas são alguns dos materiais vendidos no HB Ferro-Velho, na Ponta da Praia.

Em duas grandes unidades, o ferro-velho atrai pessoas de todas as classes sociais em busca de algum objeto usado.

Há peças até 10 vezes mais baratas do que as novas. Mas os preços nem sempre são baixos. Madeiras antigas, por exemplo, normalmente têm um valor salgado. “Elas já tomaram muita chuva e não empenaram. É sinal de que são de qualidade e demoram a estragar”, conta Victor Blanco Barbosa, funcionário da HB.

Já entre as relíquias estão armários de madeira fabricados há pelo menos 50 anos e ferro de passar roupas a vapor, esse último vendido a R$40,00.

Tudo foi retirado de imóveis demolidos ou reformados, ou apenas vendido por quem jogaria fora.

(Fonte: Veiculado no Jornal A Tribuna de Santos, em 29/07/2007)

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