Meio Ambiente – Sistema pré-aquece água do banho permitindo uso de chuveiros menos potentes.

Conta a lenda que o sábio grego Arquimedes, 300 anos antes de Cristo, descobriu como calcular o volume de um copo ao tomar banho em uma banheira. Exultante, saiu correndo, nu, gritando ‘Eureka!’, ‘Eureka!’.



Guardadas as devidas comparações, essa lenda se assemelha ao que aconteceu com o inventor mineiro José Geraldo de Magalhães. Há sete anos, durante um banho, ele ficou reparando em toda aquela água quente que se esvaia pelo ralo. Incomodado com o desperdício, afinal, água quente é energia, começou a imaginar uma forma de reaproveitar esse calor.



Foi assim que nasceu o ‘Rewatt’, um aparelho que acoplado ao chuveiro elétrico promete reduzir em mais de 40% a conta de luz. Segundo Magalhães, se fosse adotado em larga escala no Brasil seria capaz de economizar o equivalente a um ano de energia elétrica consumida em um Estado como Goiás, que tem cerca de 5 milhões de habitantes.



Original
O Rewatt reaproveita a água quente do chuveiro a água quente do chuveiro de uma forma simples, mas muito original. O método é semelhante ao utilizado nas bombas dos barris de chope, no qual a serpentina por onde passa a bebida fica em contato com água gelada. Assim, ela se esfria e chega ao copo geladinha. Cientificamente, esse processo chama-se ‘troca de calor’.



Para isso, ele criou um kit composto basicamente de duas mangueiras e uma serpentina de metal, que fica enrolada e escondida dentro de uma plataforma semelhante a um tapete antiderrapante, colocado exatamente embaixo da ducha.



A água que vem da rua, ao invés de ir direto para o chuveiro, é desviada para uma das mangueiras e segue até a plataforma, onde irá circular pela serpentina e subir pela segunda mangueira para só então passar pela ducha.



Ao ligar o chuveiro, a água quente do banho cairá sobre a plataforma, aquecendo indiretamente a água que passa pela serpentina. Pré-aquecida, ela subirá até o chuveiro exigindo menos potência da resistência.



Economia
Em um chuveiro tradicional, a água que vem da caixa ou da rede de distribuição está, em média, a 20°C. Para atingir a temperatura de um banho quente no inverno, cerca de 38°C, a resistência aquecerá a água em 18°C.



No Rewatt, a troca de calor na serpentina permite que a água já chegue à ducha com cerca de 27°C, ou seja, o chuveiro só terá que aquecê-la mais 11 graus para atingir os 38°C.



Com isso, diz Magalhães, abre-se a possibilidade de se usar chuveiros elétricos de menor potência, o que amplia a economia. No Brasil, um dos únicos países no mundo a utilizar resistências elétricas em duchas, esses aparelhos são os maiores vilões na conta de luz, podendo representar até 50% do gasto de energia de uma família – um processo que se agrava na medida em que os consumidores optam por chuveiros cada vez mais potentes, alguns com até 7.500 Watts.



Para se ter uma idéia da economia, Magalhães cita o caso de uma academia de ginástica na cidade de Pedro Leopoldo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Na instalação, os chuveiros de 5.400 watts passaram para 2 mil watts e os com potência de 4.400 watts foram substituídos por aparelhos de 1.800 watts. Depois de 30 dias a redução do gasto energético foi de 1.020 quilowatts/hora (kwh) na conta de luz, resultando em menos de R$612,00 nas despesas da academia.



Sistema está sendo distribuído pela Cemig
Por enquanto, o Rewatt ainda não está à venda. A expectativa de José Geraldo de Magalhães, especialista em tecnologia de edificações, é que o kit possa chegar às lojas em 2008.



Para isso, primeiro ele foi testado no Instituto Politécnico da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC/Minas).



“No início, nós não acreditávamos que funcionasse. No final, fiquei tão impressionada que coloquei o aparelho na minha casa”, afirma a professora Júlia Maria Garcia Rocha, que coordenou as análises, primeiro a pedido de Magalhães e depois da Cemig, a concessionária de energia elétrica de Minas.



De graça
Comprovada a eficiência, a Cemig decidiu distribuir gratuitamente o kit em residências escolhidas pelo Projeto Conviver da Cemig, que tem o objetivo de implementar ações de eficiência energética e aproximar a empresa das populações mais carentes. O projeto é avaliado em R$2,4 milhões.



A iniciativa faz parte de uma resolução da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que indica a todas as concessionárias a obrigatoriedade de investir 1% da receita operacional em pesquisa e desenvolvimento (P&D) e em projetos de eficiência energética (PEE).



Buscas feitas por Magalhães em patentes internacionais revelaram a existência de projetos semelhantes na Alemanha e na Inglaterra. Mas, segundo ele, os equipamentos não funcionaram lá. “Por teimosia insisti, mas acabei quebrando a minha empresa”.



A partir daí ele passou a procurar parceiros para a produção dos equipamentos. Em março de 2005, em uma feira de inventores em Belo horizonte, ele conheceu o consultor e administrador de empresas Valério José Monteiro, que se interessou em viabilizar o produto, investindo R$200 mil.



Gás, Caldeira e Solar
Em 2006, a Rewatt ofereceu o kit para a Cemig, que logo contratou a empresa como parceira no projeto de eficiência energética.



O segundo passo da Rewatt será colocar o produto no mercado. “Estamos nos estruturando para vendê-lo para um público mais amplo a partir de janeiro de 2008. Com o custo aproximado de R$360,00, o produto se paga em dez meses quando utilizado em residências com até quatro pessoas”, diz Monteiro.



Segundo ele, há casos em que a redução pode atingir 50% do valor da conta, reduzindo assim o prazo de amortização. Além do chuveiro elétrico, o inventor mineiro afirma que o kit também pode ser usado em sistemas que usam gás, caldeira, aquecimento solar, etc. Para locais onde o reservatório de água esteja abaixo de três metros de altura, é necessário a aplicação de pressurizador para que o kit tenha a eficiência desejada.



Santista tem projeto semelhante
Muitas vezes, não basta ter uma boa idéia se não houver quem aposte nela, como foi o caso de José Geraldo de Magalhães.



Na Baixada Santista, por exemplo, dois projetos, um deles muito semelhante ao kit criado pelo inventor mineiro, poderiam estar em funcionamento há muito tempo.



O primeiro deles foi desenvolvido pelo professor e engenheiro José Roberto Abbud Jorge (USP/UniSanta).



No anonimato
Trabalhando quase que no anonimato, na Vila São Jorge, em São Vicente, Abbud construiu, na laje de sua casa, o que ele classifica como a “primeira e menor piscina solar do Brasil”.



Piscina solar é um recipiente com água salgada, dotada de um isolante térmico no fundo e camadas horizontais com diferentes concentrações de sal. Com isso, o calor do sol fica armazenado e permite produzir energia térmica de maneira limpa, mesmo à noite, com o tempo nublado e no inverno.



“Se o calor obtido for canalizado para um biodigestor cheio de lixo, a produção de gás metano será aceleradíssima”, afirma Abbud. Biodigestor é um sistema que degrada a matéria orgânica por meio de microorganismos que a transformam em gás combustível.



O biogás tem diversas aplicações: geração de energia, iluminação e gás para fogões. Os resíduos que sobram do processo podem ainda ser utilizados como um fertilizante de alta qualidade, insetos de qualquer resíduo químico.



Já o metano produzido, além de abastecer lamparinas e fogões, quando acoplado a um compressor e purificado pode ser usado como biocombustível para automóveis.




Similar ao rewatt
Porém, por falta de apoio, o projeto está parado, da mesma forma que o ‘trocador de calor’ criado pelo então estudante de engenharia Sérgio Luiz Monteiro, ex-aluno de Abbud.



O processo é semelhante ao Rewatt, só que mais simples. Ao invés da serpentina, Sérgio bolou um tubo de plástico que envolve a resistência do chuveiro. Nessa câmara, a água fica mais tempo em contato com a fonte de calor, proporcionando maior aquecimento, menor gasto de energia e maior segurança aos usuários.



Apesar de já ter sido testado pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), o invento não atraiu a atenção de empresários. “É preciso alguém que queira apoiar. Tecnologia nós temos, é viável, barata e de fácil adaptação. O que falta, aqui, é quem acredite no potencial”, afirma Abbud.



(Fonte: Veiculado no Jornal A Tribuna de Santos, em 29/10/2007)



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