O Brasil não é apenas uma nação abençoada, fértil em recursos naturais. Nos quatro cantos do País há também muita criatividade, principalmente quando o assunto é a economia de água potável.

E não precisa nem ir muito longe. Aqui mesmo, na Baixada Santista, nasceu um projeto inédito no Brasil, que na próxima semana, após quatro anos de muita luta, finalmente chegará ao mercado.

Ele é fruto da perseverança de um vicentino, o técnico em consertos de máquina de lavar roupas Rubens José de Oliveira Filho. 

A primeira
Hoje, ao lado de dois sócios, Rubens é dono da  Cetra Tecnologia, uma fábrica de 500 metros quadrados, localizada no bairro de Cordenunsi, em Americana (SP). De lá, na próxima semana, sai o primeiro equipamento para reuso de água em lavanderias, a ser instalado em uma empresa de Piracicaba.

Cada unidade sai por cerca de R$ 30 mil. Com ela, segundo Rubens, a empresa piracicabana, que hoje gasta quase R$ 4 mil só com água, passará a pagar "no máximo R$ 1 mil pelo líquido, já que o sistema, formado por filtros, reaproveita 80% da água usada na lavagem das roupas". 

A idéia do equipamento surgiu na pequena oficina que ele mantinha no bairro do Jardim Castelo, em São Vicente, de onde saía para atender seus clientes de bicicleta. 

Como uma lavadora com capacidade para quatro quilos utiliza, em média, 60 litros de água potável, em quarenta lavagens consome-se mais de 2.400 litros de água. 

De repente
Em sua oficina, Rubens era obrigado a testar cada uma das máquinas. E lá se iam milhares de litros de água, aumentando não só os seus custos como o desperdício. 

Um dia, como ele mesmo diz, "de repente", veio a idéia. Porque não construir um sistema que filtrasse essa água e a redirecionasse novamente para o tanque da máquina, deixando-a chr39limpachr39 para uma nova etapa de limpeza?

"A idéia veio pronta na minha cabeça. Em oito horas o projeto estava esboçado no papel. Aí, aos poucos, fui montando e fazendo os testes", explica o inventor.

Nesses últimos quatro anos, Rubens levou seu projeto para diversas fábricas. "Foi uma luta muito árdua, enfrentando todo tipo de descrédito e dificuldades" - mas não de desânimo. "Sempre acreditei no invento, sempre imaginei que um dia, em algum lugar, eu iria transformar esse sonho em realidade".

Batizado de Sistema Multilav, o equipamento, além de Piracicaba, já tem dez outros pedidos na fila. "Só não aumentamos a produção por falta de mão-de-obra especializada", afirma. 

Parceria
O próximo passo será adaptar o processo para as lavadoras de roupas caseiras. Para isso, uma parceria foi feita com a General Electric do Brasil, que disponibilizou quatro lavadoras domésticas para os testes. 

"A empresa quer se tornar a primeira do País a colocar no mercado uma lavadora ecológica. Nossos testes demonstram que é possível reutilizar cerca de 90% da água", explica.

Rubens estima que o novo produto chegue ao mercado em 2009. O custo deve ficar próximo das lavadoras tradicionais. "Além de realizar um sonho, acredito estar contribuindo para o desenvolvimento sustentável, na medida em que o que era desperdício, se transformou em tecnologia para o benefício de todos".

Casal economiza 9 mil litros-mês em Mato Grosso
Como a lavadora de roupas é um dos principais chr39furoschr39 nos recursos hídricos de uma casa, o projeto criado por Rubens Oliveira não é o único em busca de um espaço no mercado. Em Mato Grosso, um casal criou um sistema quer propicia uma economia de água superior a 30%. 

Trata-se de um mecanismo que reaproveita a água usada apenas no ciclo de enxágue das lava-roupas. São mais de 100 litros poupados a cada operação, já que nas máquinas de 3 ciclos (o primeiro de lavagem e o segundo e terceiro de enxágue), consome-se 180 litros de água, o equivalente a 60 litros por ciclo, em média.

O sistema foi criado pelo chefe do departamento de Física da Universidade Federal de Mato Grosso, o engenheiro mecânico Nicolau Priante Filho, e sua mulher, a professora Josita Priante.

Como a água da lavagem da roupa (o primeiro ciclo) tem grande quantidade de sabão e de impurezas, se armazenada sem tratamento exala mau cheiro, tornado-se imprópria mesmo para o uso em descargas domésticas.

Por isso, o professor Nicolau optou reutilizar a água do enxágue, que por estar razoavelmente isenta dessas substâncias, torna desnecessária a construção do sistema de tratamento da água, facilitando e barateando a instalação.

Pelos cálculos do pesquisador, é possível obter uma economia de cerca de 30%, isto é, 9 mil litros de água por mês. Segundo Josita, o sistema foi implantado em quatro casas do bairro Parque Cuiabá para testes.

Em sua casa, nem a água da primeira lavagem é jogada fora. A professora Josita usa para regar as plantas. Além disso, as caixas utilizadas para armazenar o líquido também recebem água de chuva.


Do banho para a descarga
Na cidade de Maringá, no Paraná, uma lei determina que toda casa popular construída pela Prefeitura deverá ser dotada de um equipamento único no Brasil. Instalado no banheiro das residências, ele capta, trata e envia a água usada no banho para a descarga do vaso sanitário.

O projeto foi desenvolvido pelo especialista em Aeronáutica, Luiz Campestrini. A idéia consiste em um reservatório de 200 litros que fica embaixo do chuveiro. Pelo ralo, a água entra nesse reservatório, sendo filtrada e reclorada. Ela fica armazenada ali até que seja necessário o uso da descarga.

Nesse momento, um motor-bomba silencioso, acionado pela própria válvula da descarga, leva a água para o vaso sanitário. São seis litros de água em seis segundos. Só então o líquido vai para o esgoto. Normalmente, um banho gasta entre 40 e 50 litros de água.

"O motor é bem simples, de 60 wats. Como o uso é de apenas seis segundo, ele não chega a gastar praticamente nada a mais na conta da luz", explicou Campestrini.

Custo e economia
Segundo ele, o custo do kit para reaproveitamento de água do banho sai por cerca de R$ 400,00 – um custo que pode cair pela metade se for feito em larga escala. Cada unidade permite ao usuário uma economia de mais de 30%.

O protótipo, que funciona desde 1999 na casa do inventor, chamou a atenção do Poder Público. A Câmara de Maringá, por meio do vereador João Batista Beltrame (PV), transformou a idéia em projeto em lei. Aprovado em plenário e sancionado pela Prefeitura, o sistema estará em todo conjunto habitacional do município.

O aparelho foi inventado em 1998 e rendeu ao pesquisador o Prêmio Paraná Ambiental. Campestrini também é autor de um outro projeto, só que desta vez para captação de água de chuva.

"Hoje temos água. Mas, para os meus netos, daqui a 50 anos, como será? questiona o inventor. A cidade de Curitiba também adotou lei que torna obrigatório o reuso de água do chuveiro no vaso sanitário. Na Baixada Santista não há projetos semelhantes.

(Fonte: Veiculado no Jornal A Tribuna de Santos, em 17/03/2008)

Assessoria de Imprensa do Sicon
Av. Conselheiro Nébias, 472 - Encruzilhada - Santos - SP
Fone/Fax: (13) 3224-9933
Visite nosso site: www.sicon.org.br






Compartilhe

Veja outras notícias

Negociação coletiva encerrada para a base territorial de São Sebastião, Caraguatatuba e Ubatuba 2024/2025

+

Leia mais

Negociação coletiva encerrada para a base territorial de Ilhabela

+

Leia mais

Negociações coletivas encerradas para as bases territoriais de São Vicente, Santos, Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe.

+

Leia mais