Solução - Pesquisador brasileiro cria pó que diminui a evaporação da água.

Diz a lenda que o jovem Ícaro, atraído pelo esplendor do Sol, caiu quando suas asas de cera e plumas de pássaro derreteram ao se aproximar do Astro-Rei. O vôo de Ícaro era o sonho de liberdade de seu pai, Dédalo, que pretendia fugir do labirinto do minotauro (o mítico ser de corpo humano e cabeça de touro).

Sonhos são assim. Alguns dão certo, outros não. Por vezes, essa tenacidade, que beira a teimosia, é a diferença entre o sucesso e o fracasso.

Há quase cem anos, por exemplo, cientistas de vários países se debruçaram sobre um problema mundial. Como conservar a água de reservatórios, evitando que parte importante dela se perca no processo de evaporação?

Há cinco anos, pesquisadores no Oriente Médio desenvolveram uma película que conseguia diminuir o problema quando aplicada sobre a água. A substância, entretanto, se mostrou tóxica, inviabilizando a idéia.

Acompanhando o problema de longe, o engenheiro químico Marcos Gugliotti decidiu que a história não terminaria com esse amargo sabor de derrota.

Pouco mais de dois anos depois, ele não só criou uma película que funciona, como ela é ainda mais barata e menos tóxica do que a similar asiática.

O produto é um pó formado por surfactantes (substâncias que apresentam a propriedade de formar uma película ultrafina na superfície da água) e calcário, um aditivo  para facilitar a dispersão do pó.

Uma vez aplicado, o produto cria uma espécie de barreira, atenuando o efeito das ondas. Isso diminui a área exposta e consequentemente a evaporação, pois amortece as turbulências.

Sobrevivência
Estudos realizados no semi-árido nordestino estimam que cerca de 40% das águas acumuladas em reservatórios se perde com a evaporação.

O semi-árido engloba cerca de 70 mil açudes de pequeno porte, com volumes entre 10.000 e 200.000 metros cúbicos, representando 80% dos corpos dchr39água nos estados do nordeste.

Os resultados desses estudos revelam que os grandes reservatórios apresentam uma evaporação média de 7% do volume anual, enquanto que os pequenos registram 18% de evaporação.

De acordo com os especialistas, o maior problema do semi-árido não é a falta dchr39água em si, mas a inconstância com que ocorrem as chuvas - esparsas e concentradas em poucos meses.

Armazená-la para épocas de estiagem é fundamental para a sobrevivência de mais de 20 milhões de brasileiros. E é justamente aí que a idéia de Marcos tem o seu maior mérito.

Vários testes foram feitos para comprovar a eficiência do método, tanto em laboratório como em tanques ao ar livre. Análises toxicológicas também confirmaram a baixa toxicidade do pó. Para cada 10.000 metros quadrados de área, são necessários cerca de um quilo do produto.

Em campo, a primeira prova foi feita em uma represa em São Carlos (SP). A segunda  teve como chr39palcochr39 o espelho dchr39água do Congresso, em Brasília. Em média, nos dois casos, houve uma diminuição de 15% a 30% na evaporação.

O próximo passo são os açudes, áreas maiores e com mais peixes. Caso o produto apresente o mesmo padrão de eficácia, estará pronto para ser comercializado. A estimativa é que leve ainda dois anos até que isso aconteça.

A redução da evaporação por películas ultrafinas de surfactantes não provoca alterações climáticas e o método é considerado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como uma importante chr39tecnologia alternativachr39 para a conservação da água doce.

A chave de um mistério?
A técnica desenvolvida pelo engenheiro brasileiro Marcos Gugliotti vem ao encontro a uma crescente preocupação mundial: o aumento na evaporação das águas oceânicas, que teria como uma de suas principais causas o aquecimento global.

Estudos sugerem que as recentes mudanças climáticas podem estar alterando o sistema que regula a evaporação e a precipitação de água no Planeta, tornando os mares tropicais mais salgados. Com isso, a evaporação dos oceanos aumenta à medida que a temperatura da Terra se eleva.

Os oceanos respondem por 86% da evaporação e recebem 78% da chuva na Terra. Estima-se que a taxa de evaporação média do Atlântico tropical tenha aumentado até 10% nos últimos 40 anos - um processo que poderá provocar severas alterações no sistema climático global, comprometendo as já escassas reservas mundiais de água.

Pode estar aí a chave para um mistério chamado chr39Catarinachr39, que em março de 2004 se tornou o primeiro furacão que se tem notícia no Sul do Atlântico — algo que os  cientistas achavam que era impossível, já que águas do Atlântico Sul têm temperatura inferior aos 27º C necessários para gerá-lo. 

Lixo por água
Enquanto no Ceará e em Pernambuco as concessionárias de energia elétrica trocam lixo limpo por descontos na conta de energia elétrica, a Copasa, distribuidora de água de Belo Horizonte (MG), decidiu seguir o exemplo.

Lançado em junho de 2006 na periferia da zona sul da capital mineira, o Programa Vale-Água atende uma população de 30 mil pessoas, número de que deve chegar a 110 mil moradores até o final do primeiro semestre deste ano.

A troca do material reciclável pode ser feita nos postos de atendimento da Copasa, por meio de um procedimento simples: o cliente dirige-se à agência, onde pesa o material e recebe o seu comprovante.

O desconto é efetivado na próxima conta. Qualquer morador pode participar do programa, independentemente do tipo de imóvel (residencial ou comercial, igrejas, associações etc).

A idéia, por enquanto restrita à companhia mineira, tem um grande potencial de diminuir a pressão sobre os recursos hídricos. É o caso, por exemplo, do papel.
Para se produzir uma tonelada de papel utiliza-se 100 mil litros de água e cinco mil kW de energia. Mas, se a mesma quantidade for feita a partir de papel reciclado, o gasto com água cai para 2 mil litros e a energia para 2,5 kW.

É sempre bom lembrar que a principal fonte de eletricidade no Brasil é a fornecida por hidroelétricas (olha a água aí de novo), e que para construir essas usinas, grandes áreas são alagadas, rios desviados e moradores desalojados.

E por falar em grandes obras, a indústria da construção civil é a que mais consome recursos naturais no mundo. Por isso, diminuir o desperdício de telhas, cimento, areia, pedras, madeira, lajotas, tinta, canos e metais também reduz o consumo de água.

Na Baixada, um projeto inédito, lançado no ano passado, tem como meta reaproveitar boa parte desses materiais que acaba estocada após as reformas. É o chr39Obras das Sobraschr39, idealizado pela arquiteta Maria Rita Figueiredo Godoy.

Quem tiver sobras e quiser doá-las, o Instituto de Agentes Urbanos (IAU), criado pela arquiteta, recolhe essas materiais e os reutiliza em benefício de moradias de baixa renda. Mais informações: www.iau.org.br.

Jeans secos
Até hoje o processo de estonar tecidos (que deixa a peça com aquela aparência desbotada e desgastada propositadamente) envolvia consumo de água e uso de produtos químicos. Antes de devolver essa água ao ambiente, as indústrias precisavam tratá-la, evitando assim a contaminação dos rios.

Mas a Malwee conseguiu mudar essa realidade, ao criar um novo processo que evita o uso de agentes químicos e o consumo da água. Após anos de pesquisas e testes, a empresa conseguiu atingir o objetivo e lançou um novo processo, que batizou de chr39Eco Stonechr39.

O novo sistema envolve corantes específicos e faz uso de uma máquina que ataca esses corantes por intermédio de luminosidade e temperatura causando seu desgaste. A máquina foi produzida especialmente para a empresa e é a primeira para uso em malhas no mundo.

Atualmente existem apenas outros três sistemas similares em funcionamento na Europa, porém eles são para uso exclusivo em tecido plano, não em malha como a da Malwee. As roupas não perdem em qualidade ou resistência a partir desse processo e os cuidados para lavar as peças em casa são exatamente os mesmos daqueles que passam pelo processo químico comum, considerado agressivo ao meio ambiente.

(Fonte: Veiculado no Jornal A Tribuna de Santos, em 24/03/2008)

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