No início da próxima década, os veículos brasileiros poderão rodar com uma nova mistura nos tanques. Ao invés de álcool, será a vez da glicerina fazer par com a gasolina. 

O processo significa não apenas uma fonte alternativa e menos poluente de energia automotiva, mas um passo significativo rumo ao que os cientistas chamam de chr39química verdechr39 -- métodos que reduzem ou eliminam a geração de sustâncias e resíduos nocivos à saúde humana ou ao meio ambiente.

A glicerina em questão é um subproduto do biodiesel, um resíduo que sobra do processo de refino das oleaginosas (soja, dendê, babaçu ou mamona, entre outras).

Excesso
Atualmente, o Brasil produz cerca de 30 mil toneladas-ano de glicerina, utilizada, por exemplo, na fabricação de sabão.

Essa quantidade é suficiente para a demanda interna. No entanto, outras 150 mil toneladas-ano devem chegar ao mercado a partir de 2013, quando será obrigatória a adição de 5% de biodiesel ao diesel mineral.

O grande problema nessa equação é que não há mercado para tanta glicerina. Por isso, diversos grupos de pesquisa, no Brasil e no exterior, começaram a chr39quebrar  a cabeçachr39 para tentar encontrar uma utilidade para o produto - que, do contrário, acabará sendo queimado ou descartado clandestinamente.

Foi com essa preocupação em mente que o professor Cláudio José de Araújo Mota, do Instituto de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) iniciou suas pesquisas há três anos. 

Plásticos verdes
Agora, além de comprovar, em laboratório, a eficácia da mistura glicerina-gasolina nos motores, Araújo Mota ainda foi além: conseguiu fabricar propeno a partir da glicerina.

No mundo, o propeno é fabricado a partir da nafta de petróleo, dando origem ao polipropileno, matéria-prima que a indústria do plástico usa na fabricação de baldes, potes de margarina, copinhos, embalagens, seringas descartáveis, fitas adesivas, fibras têxteis etc.

Dessa forma, o propeno verde, oriundo da glicerina que sobra do biodiesel, poderá substituir a nafta, abrindo caminho para a expansão dos chr39plásticos verdeschr39, isentos de petróleo.

Esse novo tipo de polímero é a chr39menina dos olhoschr39 da indústria petroquímica mundial, cada vez mais pressionada pelos seguidos aumentos no custo da matéria-prima e pelos consumidores, descontentes com os danos ambientais provocados pelo processo de fabricação dos plásticos tradicionais.

Metas contra a poluição
Segundo o pesquisador Cláudio José de Araújo Mota, a pesquisa desenvolvida na UFRJ tem grande potencial de atrair o mercado externo. "Em vários países, como nos Estados Unidos, começa-se a exigir a adição de outros compostos à gasolina para reduzir as emissões" — como é o caso álcool, no Brasil. Já na China, a partir de abril os postos de combustíveis da região de Guangxi só poderão vender gasolina e óleo diesel desde que misturados com 10% de álcool, que será produzido a partir de mandioca. 

No Brasil, Mota disse que os estudos são no sentido de adicionar de 1% a 5% de glicerina à gasolina. A idéia, segundo ele, não é ter um concorrente para o álcool, mas apenas a opção de mais um produto capaz de reduzir os poluentes atmosféricos. Nesse sentido, devido às metas fixadas pela Comunidade Européia, para redução nas emissões desses, Mota acredita que a Europa poderá ser um importante mercado para a colocação da biogasolina.

Um carro ‘quase‘ movido a cachaça
Um Ford empoeirado de quatro cilindros com faixas toscas amarradas na lateral, dirigido por um motorista de capuz, óculos de proteção e guarda-pó, é o carro mais antigo que se tem notícia a rodar com álcool no Brasil.

Em agosto de 1925 o Ford percorreu 230 quilômetros em uma corrida no Circuito da Gávea, no Rio de Janeiro, na primeira prova automobilística realizada pelo Automóvel Clube do Brasil.

O consumo foi de 20 litros por 100 km. No mesmo ano, o Ford fez os percursos Rio-São Paulo, Rio-Barra do Piraí e Rio-Petrópolis. O combustível era álcool etílico hidratado 70% (com 30% de água).

"Era quase aguardente", diz o químico Abraão Iachan, assessor da diretoria do Instituto Nacional de Tecnologia (INT). A cachaça tem entre 38% e 54% de álcool na sua composição.

As primeiras experiências com esse carro ocorreram na Estação Experimental de Combustíveis e Minérios (EECM), organismo governamental de pesquisa que se transformou no INT, em 1933.

Colossal importação
A motivação da época não era muito diferente da de hoje. O então presidente Epitácio Pessoa (1919-1922) já reclamava em 1922 da "colossal importação de gasolina no Brasil", aludia ao "uso do álcool em seu lugar" e previa o "amparo que a solução prestaria à indústria canavieira". 

O governo seguinte, de Arthur Bernardes (1922-1926), encomendou à EECM um projeto de desenvolvimento de motores a álcool, que pudesse também servir de base para legislação sobre o assunto.

O diretor e um dos criadores da EECM, o engenheiro geógrafo e civil Ernesto Lopes da Fonseca Costa, era um entusiasta do projeto. A coordenação dos trabalhos foi do engenheiro Heraldo de Souza Mattos, dublê de pesquisador e piloto de testes do velho Ford, obtido por empréstimo.

"Essas experiências tiveram por objetivo elucidar, entre outros, os seguintes pontos ainda mal conhecidos naquela época: causas prováveis das corrosões frequentemente observadas nas diversas peças do motor alimentado com álcool; condições indispensáveis à perfeita carburação dos carburantes alcoólicos; consumo específico e fatores interferentes no rendimento térmico do motor", escreveu Fonseca Costa no prefácio do livro Álcool, motor e motores a explosãochr39, de Eduardo Sabino de Oliveira (Instituto do Açúcar e do Álcool, 1942). (Fonte: Neldson Marcolin, Agência Fapesp)

Borracha se autoconserta
Cientistas franceses criaram um novo tipo de borracha que caso se rasgue, basta colocar os dois pedaços juntos para que eles se unam novamente, voltando a formar uma única peça.

O processo de autoconserto leva apenas alguns minutos e acontece  espontaneamente, à temperatura ambiente, sem a necessidade de nenhuma intervenção e nem da adição de nenhum produto químico. 

As borrachas tradicionais são formadas por longas cadeias de polímeros. A nova borracha, contudo, consiste em pequenas moléculas que se unem por meio de ligações de hidrogênio, que são muito mais fracas do que as ligações químicas que ligam os grandes polímeros. 

Quando o material é rasgado, as ligações de hidrogênio que foram quebradas logo procuram outras ligações abertas, permitindo o restabelecimento da ligação física da borracha. 

Depois que as duas partes unem-se novamente, a peça retoma todas as suas propriedades mecânicas, podendo ser esticada com a mesma intensidade de antes.

A nova borracha poderá permitir a construção de uma nova geração de pneus que nunca precisa ser trocada, capaz de se autoconsertar em poucos minutos depois de furada. Balões à prova de furos, brinquedos que não se quebram e roupas que nunca se rasgam são outras possibilidades.

Pneu inteligente
Um engenheiro da Universidade Purdue (EUA) desenvolveu um novo conceito de chr39pneu inteligentechr39. 

Ao invés de sensores para detectar dados específicos, o pneu inteiro se transforma em um sensor, podendo alertar sobre problemas estruturais de fabricação ou qualquer defeito que ele venha a sofrer. 

chr39Pneus inteligenteschr39 já equipam alguns carros de luxo, possuem sensores que detectam sua pressão interna e enviam a informação em tempo real para o painel do veículo, permitindo que o usuário saiba imediatamente quando a pressão cai abaixo do recomendável ou quando há vazamentos. 

Contudo, nem todos os defeitos fazem com que sua pressão caia. Pedras, asfalto solto, freadas bruscas e os inúmeros imprevistos podem fazer danificar a estrutura interna do pneu. 

Com a nova tecnologia, toda a estrutura metálica interna do pneu age como um enorme sensor. Qualquer defeito pode ser imediatamente detectado, resultando em um alerta no painel do veículo. 

Os problemas mais graves acontecem quando a malha de aço do pneu se desestabiliza, podendo resultar até mesmo em estouros que levam ao capotamento do veículo. A tecnologia já foi avaliada por várias empresas fabricantes de pneus e está em processo de licenciamento para que possa chegar ao mercado.

(Fonte: Veiculado no Jornal A Tribuna de Santos, em 24/03/2008)

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