Pesquisadores do Laboratório de Ciências Químicas da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf), concluíram a formulação de um sabonete que repele o mosquito da dengue (Aedes aegypti), que também transmite a febre amarela.

O produto, cujo efeito dura até seis horas sobre a pele humana, foi criado a partir de uma mistura de glicerina, obtida em óleo de cozinha reciclado, com essências naturais de plantas como o cravo-da-índia, citronela e capim-limão, essas duas últimas nativas do Brasil. A fórmula conta ainda com outras substâncias químicas, que ajudam a aumentar o tempo de ação do produto.

"Apesar de ter uma ação comprovada contra o Aedes aegypti, que foi o foco dos estudos, o sabonete conta com  grande possibilidade de ter ação repelente contra outros vetores. O objetivo agora é ampliar os testes de sua eficácia contra insetos que transmitem outras doenças humanas e animais", disse Edmílson José Maria, coordenador da pesquisa e chefe do Setor de Síntese Orgânica do Laboratório de Ciências Químicas da Uenf, onde o sabonete foi formulado,à Agência Fapesp.

O processo de obtenção de patente do produto junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) teve início, assim como o pedido de aprovação da formulação na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

COBAIAS HUMANAS

De acordo com José Maria, a eficácia do sabonete foi comprovada em testes, com o produto sendo aplicado na mão e no antebraço de voluntários da universidade.

"Em seguida, inserimos os braços dos voluntários, sucessivamente em um período de seis horas, em gaiolas cheias de mosquitos para verificar se haveria algum tipo de contato dos insetos com a pele, o que não ocorreu", afirmou.

"Fizemos ainda uma contraprova, em que a mesma base do sabonete sem as substâncias repelentes foi aplicada. Seguimos a mesma metodologia e identificamos um alto número de pousos dos mosquitos na pele dos voluntários",completou.

José Maria explica que a criação de um repelente em forma de sabão surgiu da idéia de disponibilizar um produto economicamente acessível à população carente das grandes cidades que não têm acesso a ferramentas mais sofisticadas de combate à dengue.

"Como o acesso da população aos repelentes convencionais é restrito, devido ao seu custo elevado, nosso projeto atende essa questão social. O sabonete ainda não tem preço definido, mas certamente terá baixo custo", disse.

VENDA PARA O PÚBLICO

O foco na população carente se justifica, segundo o professor, pelo fato de ela estar mais exposta à transmissão da doença nas grandes cidades. "Essa população normalmente vive em áreas nas quais os alagamentos são mais constantes e o saneamentobásicoémaisprecário, além de muitas vezes não ter condições de comprar repelentes elétricos ou de instalar telas de proteção nas janelas",apontou.

"O período de seis horas de atuação do sabonete é o tempo médio em que uma criança, por exemplo, sai de casa usando o produto, vai até a escola e retorna à sua residência", disse. A intenção, em um primeiro momento, segundo o pesquisador, é disponibilizar o produto a órgãos públicos ligados à saúde do Rio de Janeiro.

Para isso, a equipe da Uenf está atualmente trabalhando, com financiamento da própria universidade, na produção de um lote de mil unidades do sabonete para enviá-lo aos poderes públicos municipais e estaduais, que deverão repassar o produto à  sociedade.

"A previsão é que até o fim deste mês estejamos com esse lote pronto. Também estamos em busca de parcerias com a iniciativa privada para a fabricação em larga escala e comercialização do  produto",sinalizou.

Fonte: A Tribuna - 24/11/2008

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