Microesferas absorvem a droga quimioterápica e a liberam no local do tumor.

Indicado, entre outros, a pacientes com cirrose hepática que não podem operar, tratamento é considerado paliativo



 Um novo método de quimioterapia já está sendo usado no Brasil para tratar câncer de fígado, com a proposta de aumentar a sobrevida do paciente, a eficácia do remédio e diminuir os efeitos colaterais. São as microesferas, espécie de esponjas que absorvem o remédio quimioterápico e o liberam no local do tumor. 

Elas são introduzidas por cateterismo e permanecem no corpo por 14 dias em média. Suas funções são bloquear vasos que nutrem o tumor e liberar o produto quimioterápico que destrói o hepatocarcinoma (câncer de fígado). 

Segundo Valéria Cardoso, especialista em radiologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, onde oito pacientes já foram tratados com a técnica desde outubro, os benefícios das microesferas são a maior concentração do quimioterápico e a menor toxicidade. 

"A esfera vai liberando continuamente o remédio apenas no tumor. Na medida em que você joga menos quimioterápico na corrente sangüínea, tem menos efeitos colaterais, como dores e náuseas, do que em outros técnicas", afirma a médica. O paciente também se livra da queda de cabelos, mais comum no quimioterapia tradicional, em que os remédios são consumidos oralmente. 

Ela conta que a diminuição desses efeitos colaterais foi percebida nos oito pacientes já tratados com a técnica. Eles tiveram boa resposta e praticamente eliminaram os tumores. 

Entretanto, não é possível falar em cura definitiva porque a maioria dos pacientes que chegam a um tratamento quimioterápico tem cirrose -degeneração dos tecidos. "O tratamento é paliativo e pode aumentar a sobrevida. É indicado a pacientes com cirrose hepática que não podem operar, aos em fila de transplante de fígado que desenvolvem tumor e a pacientes para os quais o transplante não é indicado devido a presença de tumor avançado ou outras contra-indicações", afirma Valéria.



Novidade
As microesferas são uma nova ferramenta da quimioembolização, técnica já bastante difundida, em que o remédio é injetado no local do tumor por meio de um cateter. 

Com o novo método, porém, o quimioterápico é enviado dentro da esfera, o que permite uma concentração do produto até 70 vezes maior e que ele continue agindo mesmo após os três dias em que o paciente costuma ficar internado. 

Um estudo publicado em 2007 no "Journal of Hepatology" comparou a quimioembolização feita com microesferas e sem elas. 

Descobriu que dois anos após o início do tratamento, 89% dos pacientes que usaram nova técnica ainda estavam vivos. Já no grupo que não usou a microesfera, 66% sobreviveram o mesmo tempo.



Mais uma opção
O tratamento, entretanto, não é visto como uma "revolução" por Ben-Hur Ferraz Neto, chefe da equipe de transplantes hepáticos do Hospital Albert Einstein, onde também se utilizam as microesferas desde o ano passado. Ele diz se tratar de "mais uma opção de tratamento que pode ter benefícios em relação às outras". 

O radiologista Breno Boueri, também do Albert Einstein, afirma que pesquisas internacionais já mostraram vantagens da microesfera, mas que ainda não chegaram a um consenso do melhor tratamento a ser aplicado.



Era uma técnica nova, e decidi arriscar, diz advogado que teve tumor reduzido 

O advogado A.S., 49, dono de um escritório e de uma editora em São Paulo, foi o primeiro a passar pelo procedimento no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, um dos pioneiros no uso da técnica no Brasil.

Só assim ele pôde ir para uma cirurgia em que retirou uma parte do fígado com cirrose.

O paciente preferiu não ter o nome revelado em razão do possível julgamento de sua capacidade de atuar na profissão, por parte de seus clientes, por causa de problemas de saúde.

"Descobri que tinha um câncer de sete centímetros em um lado do fígado em setembro do ano passado. O tumor apareceu na parte cirrótica do fígado, que era uma conseqüência da hepatite C que tive no passado" afirma o advogado.
Passou então por diversos médicos, que diziam que não queriam operá-lo. Fez quimioterapia oral, mas não obteve resultado, a não ser alguns efeitos colaterais como bolhas no pé, estomatite e queda de cabelo.

"Era algo preocupante, mas não me desesperei porque sou um otimista inveterado. Perguntei se já haviam consultado outros médicos, se já haviam perguntado até mesmo ao papa", afirma.

Após novas consultas, a saída escolhida foi a quimioembolização. "A médica me explicou que se tratava de uma técnica nova, e eu resolvi arriscar."



Internação
Ficou três dias internado e mais alguns com a microesfera introduzida por um cateter na virilha. Isso lhe causou uma pequena dor, mas significava, segundo a médica, que o tumor estava sendo atacado.

Após cerca de 14 dias, o tratamento acabou e seu tumor foi bastante reduzido. Em seguida, realizou a operação no fígado. "Estou livre desse problema", afirma o advogado.



(Fonte: Veiculado no Jornal Folha de São Paulo, em 16/03/2008)

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