Já homens ansiosos tiveram 45% mais chances de morrer, segundo estudo. Maiores níveis de ansiedade podem ter levado mulheres idosas pesquisadas a ser mais ativas ou conscientes sobre a sua saúde.

Apesar dos malefícios que a ansiedade causa, são as mulheres que podem tirar mais benefícios dela e lidar melhor com alterações nessa emoção, criando um efeito protetor à sua saúde. É o que sugere uma pesquisa publicada neste mês nos Estados Unidos.

O estudo constatou que elevações nos níveis de ansiedade em idosas não significaram para elas um maior risco de morte. Por outro lado, o mesmo não aconteceu nos homens que ficaram mais ansiosos -tiveram 45% mais chances de morrer.

Um dos autores da pesquisa, Jianping Zhang, disse à Folha por e-mail que a provável causa dessa diferença é o fato de "a ansiedade motivar mulheres a procurar médicos mais vezes, fazer diagnósticos precoces e tratamentos preventivos e se tornar mais ativas", afirmou o cientista da Cleveland Clinic.

O resultado foi obtido após 15 anos de estudo, em que foram acompanhadas as vidas de mil idosos residentes na Flórida (EUA) e feitas avaliações anuais dos níveis de ansiedade.

A diferença de gêneros contatada "não foi surpreendente" para Rubens Bergel, psiquiatra do Hospital 9 de Julho. Segundo ele, a mulher tem mais "abertura para detectar sinais da mente, como a ansiedade". Isso pode levá-la a suspeitar de algo errado. "Já o homem não considera tanto esse aspecto, e alguns até pensam que seria "frescura" levá-lo em conta."

A ansiedade é uma sensação ou um estado causado pela excitação do sistema nervoso central. Geralmente acontece em situações de estresse, antes de um vestibular, por exemplo, ou em momentos de perigo. Há ainda pessoas que têm a ansiedade como uma característica de personalidade.

O problema, segundo médicos, é quando ela evolui para um transtorno de ansiedade.

"Um certo nível de ansiedade é sempre agradável, pois mobiliza a pessoa e a tira da indiferença", afirma o psicoterapeuta Esdras Vasconcellos.

Mas, segundo ele, na maioria dos casos, a ansiedade tem efeitos negativos e gera pensamentos irracionais. "Isso faz com que se alterem funções endócrinas, orgânicas e imunológicas. A pessoa não dorme, não tem uma boa digestão, tem problemas de memória..."

Ele também diz acreditar em impactos diferentes em homens e mulheres, dependendo do caso. "A ansiedade tem que ser contextualizada. Se analisamos o impacto na fertilidade, as mulheres são as mais afetadas, principalmente as que buscam fertilização artificial."

O coração é um dos grandes afetados pela ansiedade. Uma pesquisa feita durante a Copa do Mundo de 2002, no Rio, mostrou que a mortalidade entre homens e mulheres era semelhante no período. Entretanto, quando analisados apenas o número de AVCs e infartos, homens estavam em número 12% maior que mulheres.

"Isso vai um pouco ao encontro com o que foi publicado nessa pesquisa americana," disse João Mansur Filho, cardiologista do Hospital Samaritano do Rio de Janeiro.

Entretanto, ele diz que tanto homens como mulheres estão sujeitos a problemas cardíacos e de pressão e que vê vieses na pesquisa dos EUA. "Homens geralmente morrem mais cedo ou têm problemas cardíacos antes que mulheres."

Ansiosa assumida descobriu nódulo em exame de rotina
Ansiosa assumida, a dona-de-casa, Nedina Carvalho Levy, 52, diz que seu jeito de sempre pensar em tudo e não deixar para amanhã o que pode fazer hoje foi importante para evitar um câncer. Ela descobriu e retirou um nódulo em seu seio direito, em 2002.

"Faço tudo o que é exame anualmente: do coração, densitometria óssea e abdominal completo. Na época em que descobri o nódulo, parecia que meu coração iria saltar pela boca", conta.

E foi em uma mamografia de "rotina" que ela se deparou com o problema. "Achei cedo, foi a sorte. Assim, não tive risco de que evoluísse para um tumor", afirma a fluminense natural de Macaé, que atualmente reside no bairro do Flamengo, no Rio.

Apesar das constantes visitas a médicos e laboratórios, Nedina diz não se considerar hipocondríaca. "Sou ansiosa em vários momentos da minha vida, desde quando estou esperando que algo aconteça logo até nas tarefas de casa do cotidiano."

Quando tem compromissos inesperados em dia de limpeza, acaba fazendo o serviço de madrugada para não deixar acumular. "Lavo a cozinha e até roupa se precisar. Meu marido, às vezes, acorda às 2h e me pega com a flanela na mão. Já se acostumou."

Algumas horas de sono depois, às 5h, acorda e sai para correr no aterro do Flamengo, não sem levar seu café da manhã para comer no caminho, geralmente uma maçã ou uma banana. "O horário é muito gostoso para estar na rua", diz.

Além disso, o exercício físico é para ela uma forma de pôr para fora a ansiedade. Por isso, vai ainda à sessão de alongamento e à academia. "O dia em que não faço isso fico mais ansiosa", diz.

Terapias podem incluir ioga e acupuntura
Procurar um médico é o caminho quando a pessoa sentir que a ansiedade deixou de ser algo momentâneo ou um traço de personalidade para se tornar algo que afeta outros aspectos da vida ou da saúde, de acordo com o psiquiatra Rubens Bergel.

Ele afirma que a ansiedade se desenvolve de maneiras peculiares em cada pessoa. "Alguém que está sob pressão no trabalho fica ansioso, e isso pode se refletir em uma tendinite nas mãos, por exemplo, que o impede de realizar sua função."

O tratamento pode incluir psicoterapia ou terapias complementares como ioga, acupuntura e meditação. "A maioria não é caso de remédio", diz.

(Fonte: Veiculado no Jornal Folha de São paulo, em 23/03/2008)

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