"Mu...mu...mulher, em mim fi...fizeste um estrago, eu de nervoso esto..tou fi...ficando gago". No samba "Gago Apaixonado", Noel Rosa já brincava com a dificuldade de fala que atormenta crianças e adultos e, muitas vezes, é motivo de chacota e piadas até em programas de televisão, o que apenas agrava o distúrbio. Ela pode se manifestar como bloqueio (as palavras não saem), repetição (do-do-do domingo) e prolongamento (a...a...a...assim) e para quem sofre não há nenhuma graça nisso. Nesta segunda-feira, dia 22, é o Dia Internacional de Atenção à Gagueira e a campanha deste ano no Brasil tem como tema "Gagueira não tem graça. Tem tratamento". 

Em São Paulo, no dia 27, uma ampla programação será desenvolvida - com palestras, debates, lançamento de livro, apresentação de novos tratamentos e fórum de discussão -, com o objetivo de combater o preconceito e aumentar a compreensão do problema. A ação é promovida pelo CEFAC - Pós-Graduação em Saúde e Educação, IBF - Instituto Brasileiro de Fluência e HSPE - Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo.

Maior incidência entre os homens
A gagueira é um distúrbio que se caracteriza por interrupções atípicas e involuntárias no fluxo de fala, que pode causar constrangimentos e dificuldades no convívio social e profissional. É observado no mundo todo e acomete, de forma temporária, 4% da população do planeta, prevalecendo em 1% dela. A maior incidência é no sexo masculino.

Sempre houve casos de gagos na história da humanidade (Moisés é citado como o primeiro que se tem notícia: "Perdoa, Senhor; não sou de palavra fácil: minha língua é tarda", diz ele na Bíblia), mas até hoje as causas do distúrbio não são totalmente conhecidas. O consenso é que são vários os fatores - fisiológicos, neurológicos, emocionais e até carga genética - que contribuem para o aparecimento do problema.

"Antes de tratar, deve-se compreender a gagueira. Na verdade, não existe gagueira, existe gago. Cada pessoa tem a sua gagueira própria, que desenvolve de acordo com seu histórico e suas experiências", afirma a fonoaudióloga Maria Cristina Jabbur, delegada da Baixada Santista do Conselho Regional de Fonoaudiologia.

Ela lembra que a fala é um cartão de visita e, dependendo da situação, toda pessoa pode se tornar gaga, não encontrar palavras para se expressar em determinado momento ou situação. "Na vida adulta, podemos vivenciar episódios de disfluência frente a algumas situações de insegurança, mas a gagueira clássica surge na infância", explica.

Tratamento
Antigamente, a gagueira era vista como algo irreversível e muitos gagos nem procuravam tratamento. Hoje, sabe-se que quanto mais rápida for a intervenção terapêutica, melhores serão os resultados. Pesquisas demonstram que o tempo médio que as pessoas esperam para procurar atendimento especializado é de seis meses após o surgimento dos sintomas primários (repetições, bloqueios, prolongamentos etc.). Este tempo não deveria, contudo, ultrapassar o período de um ano. O profissional a ser procurado para uma avaliação e diagnóstico diferencial é o fonoaudiólogo especializado em gagueira. "Não se deve tratar só o sintoma, mas sim o indivíduo que gagueja. A partir da análise de seu histórico pessoal, é definida a terapia fonoaudiológica e técnicas adequadas ao seu caso", explica a representante de classe.

Nas crianças
Segundo Maria Cristina Jabbur, a gagueira é o transtorno de linguagem que mais assusta os pais, mas até os 4 anos de vida é considerada natural, como uma disfluência fisiológica, pois a criança ainda não domina o vocabulário de forma suficiente para expressar o que quer. Nesta fase, não é recomendável aos pais pedirem para a criança falar devagar, começar de novo, ficar calma ou pensar antes de falar, "pois isso a desperta para um problema que ela não tem consciência". Ou seja, a gagueira deve ser motivo de preocupação para os pais quando a criança está consciente da dificuldade e luta para falar. A orientação da fonoaudióloga é procurar ajuda profissional se o problema persistir após os cinco anos de idade.

Gagos famosos
Ao longo da história, a gagueira perseguiu homens brilhantes: Demóstenes, Aristóteles, Isaac Newton, Charles Darwin e Churchill, entre outros. Os astros hollywoodianos Julia Roberts e Bruce Willis também já participaram da campanha de atenção à gagueira, contando suas experiências pessoais. Marilyn Monroe era outra estrela que sofria do distúrbio, mas não gaguejava quando estava representando. 

No Brasil, o cantor Nelson Gonçalves é um dos mais célebres casos, mas quando soltava o vozeirão não tropeçava em nenhuma sílaba. A explicação, segundo Maria Cristina Jabbur, está na linguagem automática, que não exige pensar. "A pessoa não gagueja cantando, recitando, declamando, representando, pois tem o domínio disso. Também é fluente quando está sozinha em casa, conversa com um bebê ou com seu cachorro, pois são elementos que não vão censurá-la. Não há exigência da comunicação. A grande maioria gagueja por medo de gaguejar diante de ouvintes".

Serviço - Indicações de especialistas em gagueira podem ser obtidas na Delegacia da Baixada Santista do Conselho Regional de Fonoauditofia, à rua Joaquim Távora, 93, conjunto 15, tel 32214647.

(Fonte: Veiculado no Jornal da Orla, em 21/10/2007)

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