Estudo realizado no HC será usado para tentar aumentar chances na gravidez.

Avaliação de que substância no útero pode interferir no resultado de tratamentos é polêmica entre especialistas em reprodução assistida.

Uma pesquisa realizada no HC (Hospital das Clínicas) de São Paulo mostrou que uma proteína presente no útero pode estar relacionada ao fracasso na fertilização artificial e defende que esse dado ajudará a ciência a fazer justamente o contrário: aumentar a taxa de tratamentos bem sucedidos. A avaliação é polêmica e divide opiniões de especialistas.

O estudo foi feito com 52 mulheres de 24 a 42 anos participantes do programa de fertilização do HC. Elas foram testadas com a técnica de fertilização in vitro, em que os óvulos são retirados, fecundados, e reinseridos já como embriões.
Foram estudadas proteínas que se expressam no endométrio -parede que reveste o útero considerada pouco receptiva na fertilização- no ciclo anterior à implantação do embrião.

Conseguiram engravidar 20% das mulheres nas quais a proteína claudina-4 aparecia de forma acentuada. Já nas mulheres com baixa presença dessa substância e alta quantidade da proteína LIF (fator inibidor de leucemia), a taxa de sucesso foi de 88%. Estas tiveram 36 mais chances de engravidar.

"O estudo me faz crer que estamos próximos de dois marcadores [proteínas] importantes. A idéia agora é fazer um painel de marcadores que vai possibilitar uma probabilidade alta de gravidez e conhecer mais o perfil de quem engravida", afirma o autor do estudo, o ginecologista Paulo César Serafini.

Ele diz que fará uma nova pesquisa com mais pacientes, envolvendo diversas doenças ginecológicas e outras proteínas.

Segundo o médico, o resultado já obtido na pesquisa será usado no tratamento de pacientes no prazo de dois meses. "Faremos a biopsia para verificar as proteínas e, caso necessário, poderemos tentar influir pela modificação do ciclo ou indução de ovário", afirma.

O Hospital das Clínicas de São Paulo é um exemplo comum das dificuldades encontradas pelas mulheres para engravidar. Lá, a taxa de sucesso em tratamentos de fertilização in vitro é de apenas 30% -e muitos casais ficam anos sem obter respostas ao tratamento.

No HC, cada mulher tem direito a até três tentativas de engravidar por fertilização in vitro. Para Edmund Chada Baracat, da Divisão de Ginecologia do HC e orientador do estudo, a maior probabilidade de acerto poderá facilitar o acesso a tratamentos a mais pacientes.

Segundo Serafini, os benefícios poderão ser estendidos a diversos tratamentos além da fertilização in vitro, como a inseminação artificial, já que o problema de receptividade do endométrio "é o mesmo".

Controvérsias
Mas nem todos são tão otimistas quanto aos dados divulgados. Especialistas em reprodução assistida questionam o pequeno número de pacientes envolvidos no estudo, além do fato de que a proteína claudina-4 já seja estudada como marcadora de implantação embrionária há dez anos, sem que haja uma conclusão até agora.

"Há mais de 500 proteínas se expressando no momento da implantação. Nenhum grupo no mundo usa uma marcação endometrial prévia como critério de cancelamento de ciclo de fertilização in vitro", afirma o ginecologista José Gonçalves Franco Júnior.

Segundo ele, esses marcadores demandam biopsia do endométrio e podem variar o seu perfil de expressão durante a estimulação ovariana, o que inviabilizaria a sua utilização na rotina dos tratamentos. "Não há nenhum trabalho científico publicado atestando a obrigatoriedade da execução de um perfil protéico endometrial antes da fertilização", afirma.

Para o médico Artur Dzik, diretor do Serviço de Esterilidade Conjugal do Hospital Pérola Byington, o mistério da implantação embrionária continua. "A comunidade científica mundial está há pelo menos 30 anos estudando os mecanismos da implantação embrionária e ainda sabemos muito pouco."

(Fonte: Veiculado no Jornal Folha de São Paulo, em 06/04/2008)

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