Meio ambiente – Uso de materiais ecologicamente corretos faz a diferença na hora da venda.

O conceito de construção sustentável começa a ganhar espaço no mercado imobiliário. Se antes, itens ecologicamente corretos no empreendimento não passavam de acessórios para atrair um público extremamente elitizado, hoje eles fazem certo diferencial na hora da venda, já que cresce também o conhecimento do público sobre suas vantagens.

“É uma tendência de mercado, mas ainda falta informação”, ressalta o presidente da Associação dos Empresários da Construção Civil da Baixada Santista (Assecob), Renato Monteiro. Ele se refere principalmente à inclusão de itens no imóvel como medidores de consumo de água individualizados, que representam até 30% de economia; e reservatórios de água de chuva para reuso nas áreas comuns, por exemplo.

Outras iniciativas que acabam tornando o empreendimento mais atrativo são as telhas ecológicas, feitas a partir de material reciclado, que têm o mesmo custo que as comuns e idênticas resistência e durabilidade; além da opção pelas janelas grandes para que a maior ventilação e luminosidade reduzam a utilização de aparelhos de ar-condicionado e lâmpadas, poupando energia elétrica.

A utilização apenas de madeiras aprovadas pelo Ibama ou certificadas pelo FSC (Conselho de Manejo Florestal, na tradução) é outra tendência entre o empresariado, devido ao maior rigor nas fiscalizações. A certificação garante que o produto não provocou a devastação de áreas protegidas e que as árvores retiradas serão replantadas em florestas de manejo. “A gente procura comprar madeira aprovada pelo Ibama, mas não sei se o órgão tem condições de fiscalizar tudo, aí não tem como o construtor saber, mas pegamos no pé em relação a isso”, pondera o empresário.

Tudo isso acaba servindo de vantagens agregadas ao produto que está sendo comercializado, na medida em que o cliente percebe que poderá economizar dinheiro enquanto estiver morando lá, além de estar contribuindo para o uso racional dos recursos naturais.

“É um absurdo as pessoas ainda utilizarem água tratada para lavar calçadas e carros, por exemplo”, critica o representante dos construtores na região, ao defender os reservatórios de águas pluviais em todos os prédios. “Na minha casa, eu tenho há muito tempo, e uso para irrigar até o jardim”, exemplifica. A empresa de Monteiro está concluindo um prédio com esses diferenciais no Boqueirão. “Já estamos com 70% das unidades vendidas”.

Processo
Mas somente essas providências não tornam a construção totalmente sustentável. Para que uma obra promova o mínimo de impacto no meio ambiente, a preocupação precisa começar no projeto, passar pela destinação do entulho durante a obra e, depois, proporcionar o uso racional dos recursos naturais durante sua vida útil.

No Brasil, já existem consultorias para auxiliar o empresariado a seguir esta cartilha e também uma infinidade de ecoprodutos já submetidos a análises de ciclo de vida em laboratórios de ponta. A mais atuante é o Instituto para o Desenvolvimento da Edificação Ecológica (Idhea). Conforme a entidade, a construção civil é o segmento que mais consome matérias-primas e recursos naturais em todo o Planeta e é o terceiro maior responsável pela emissão de gases do efeito estufa, daí a preocupação mundial em se reduzir os impactos ambientais provocados pelo setor.

Green Building
O Instituto Akatu pelo Consumo Consciente alerta que muitos prédios querem se colocar no mercado como “edifícios verdes” pelo simples fato de apresentarem grandes áreas arborizadas, mas isso, apesar de positivo para facilitar a drenagem das águas pluviais, não significa que o local realmente leve em consideração critérios ambientais de construção e funcionamento.

A entidade ainda lembra que hoje existe até uma certificação (chamada Green Building) para garantir que o imóvel foi construído e funciona de modo ambientalmente correto, criado pelo Conselho Norte-Americano de Construção Verde.

No Brasil, o único edifício a receber uma pré-certificação Green Building foi o Ecolife Independência, no bairro Ipiranga, em São Paulo, lançado no último mês de setembro pelo Grupo Esfera. O certificado definitivo só é entregue seis meses após o prédio entrar em funcionamento.

O Condomínio apresenta 13 diferenciais ecológicos: pomar e herbário, coleta seletiva de lixo, sensores de presença, reuso da água, captação de água pluvial, aquecimento de chuveiros a gás; medidores individuais de gás e de água, janelas dos dormitórios com persianas, churrasqueira limpa sem o uso de carvão vegetal, elevador com cabine ecológica e motor de alta performance, placas de captação de energia solar e pré-aquecimento de água com placa solar.

Os nove passos:
1- Planejamento sustentável da obra;
2- Aproveitamento passivo dos recursos naturais;
3- Eficiência energética;
4- Gestão e economia da água;
5 – Gestão dos resíduos na edificação;
6 – Qualidade do ar e do ambiente interior;
7 – Conforto termo-acústico;
8 – Uso racional de materiais;
9 – Uso de produtos e tecnologias ambientalmente amigáveis.
(Fonte: IDHEA)

Destaques
Reservatório – em um edifício em obras na Rua Minas Gerais, no Boqueirão, está sendo implantado um sistema que capta a água da chuva e a leva até uma caixa d’água de 5 mil litros, em vez de jogar tudo na rede de drenagem. O reservatório servirá para irrigação das áreas verdes e limpeza do prédio. Outras idéias ‘verdes’ no edifício foram a colocação de telhas de material reciclável; caixas de descarga, em vez das válvulas; medidores de água individuais e janelas amplas.

Pintura ecológica – há pouco mais de 15 anos, entidades e empresas preocupadas com o meio ambiente e qualidade de vida começaram a se voltar para a busca de produtos que aliassem os benefícios das pinturas tradicionais aos recursos da moderna tecnologia. Surgiram então produtos de elevado padrão, com aplicação para interior, exterior, alvenaria, madeira e metal e excelente poder de cobertura e acabamento. As tintas não utilizam derivados de petróleo, nem metais pesados, não têm odor, não liberam compostos voláteis, não fazem mal para a saúde durante sua aplicação, não contaminam a água, o solo ou a atmosfera na hora do descarte, entre outras vantagens.

Telha de creme dental – uma telha ecológica de 2,20 por 0,90 x 0,6 mm custa R$40,54 em uma loja de Santos. Ela é uma alternativa para substituir as de amianto. São leves, têm resistência mecânica, não propagam chamas e são impermeáveis. Suportam 150 quilos por metro quadrado e aceitam pregos e parafusos sem trincar. São produzidas a partir do reaproveitamento de tubos de creme dental reciclados, além de alumínio e polietileno.

Madeira sem lei – no Brasil, só existe uma empresa que revende madeira certificada pela FSC (Forest Stewardship Council ou Conselho de Manejo Florestal), única entidade no mundo (uma Ong com sede no México) capaz de certificar madeira de forma absolutamente isenta. É a Léo Madeiras, que tem 37 pontos de venda, inclusive um em Santos (Rua João Pessoa, 484, Centro). No Brasil, o Ibama tenta fiscalizar, mas admite que 86% da extração são irregulares. Segundo a gerente de produtos ecológicos da Léo, Karla Aharonian, a procura por madeira certificada vem crescendo. Em 2003, a empresa nasceu com apenas um ponto de venda, em São Paulo. Na época, existia no País 1 milhão de hectares certificados pela FSC, hoje são 5 milhões de hectares. “A FSC garante a sustentabilidade de toda a cadeia, além disso, os fornecedores e distribuidores são auditados pelo menos uma vez por ano para renovar a certificação”, explica.

Entulho é a principal preocupação
Cerca de 60% dos resíduos sólidos do País são provenientes de obras, segundo a Secretaria de Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente. A maior parte ainda vai para os “bota-foras”, em meio ao lixo comum nos aterros sanitários jogados em leitos de rios. Em Santos, a Prefeitura finalmente proibiu desde o último dia 1° o despejo do entulho no aterro do Sítio das Neves.

A proibição foi resultado de solicitação do Ministério Público do Meio Ambiente, já que a Administração Municipal vinha descumprindo Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), a de número 307/2002. O prazo para estabelecer um plano de destinação de entulho venceu em janeiro de 2005. A resolução, conhecida como Lei do Entulho, estabelece todos os critérios para a gestão dos resíduos da construção civil.

Entre as exigências está a de despejar os detritos somente em aterros licenciados pela Cetesb. O mais próximo fica em São Bernardo do Campo. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente diz que a fiscalização será feita no local de transbordo, onde o lixo é separado no Sítio das Neves. Mas não informou como vai atuar para coibir despejos clandestinos.

Responsabilidades
Segundo a promotora de Meio Ambiente Ana Paula Fernandes Nogueira da Cruz, a responsabilidade pela destinação do entulho na construção civil é exclusiva das próprias construtoras. À Administração Municipal cabe, segundo ela, cuidar para que as empresas levem os detritos a locais adequados.

Na opinião da promotora, não era justo a população pagar pelo recolhimento do entulho das construtoras. “A gente é que bancava a conta, porque a Prefeitura paga por tonelada à empresa responsável pelo serviço. Se nós pagamos o serviço de coleta, então é justo que as construtoras arquem com os custos do entulho que produzem. O problema não é do munícipe, é do construtor, que, aliás, está ganhando muito dinheiro com o boom imobiliário por que está passando a Cidade nos últimos 10 anos”.

Sobre o fato do Município não possuir local licenciado para a destinação do entulho, ela enfatiza que a Prefeitura não tem esta obrigação. “A Prefeitura tem que se aparelhar para fazer a fiscalização e o controle”.

(Fonte: Veiculado no Jornal A Tribuna de Santos, em 21/01/2008)

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