Dentro de duas semanas, uma portaria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) pode abrir caminho para o desenvolvimento da agroenergia sustentável no Brasil.

Nesse novo conceito, ainda pouco difundido no mundo, as fazendas são incentivadas a gerar sua própria eletricidade a partir de combustíveis renováveis, como restos vegetais ou esterco de animais -- um grave problema ambiental.

O método ainda permite produzir fertilizantes de alta qualidade, diminuindo a necessidade dos similares químicos, caros, poluentes e importados.

FONTE DE RENDA 
A principal novidade da portaria é que ela cria regras que permitem aos agricultores venderem o excedente de energia geradoparaasconcessionárias.

O processo é baseado em uma experiência-piloto criada há dois anos no município de São Miguel do Sul, no Paraná. Lá, a granja São Pedro possui, além de milho, soja e gado, uma criação de três mil porcos.

Com apoio da Itaiupu Binacional e da Companhia Paranaense de Energia (Copel), a fazenda, de 200 hectares, foi dotada de um biodigestor, que transforma todo o volume de dejetos em adubo orgânico e gás metano. O gás pode ser usado na cozinha e em motores. Quando acoplado a um gerador, produz energia elétrica.

Hoje, a Granja São Pedro é auto-suficiente do ponto de vista energético, obtendo ainda uma sobra de 380 megawatts-hora por semana. Com as novas regras da Aneel, poderá vender esse excedente.

"Além de eu resolver o problema ambiental da suinocultura, do quer fazer com esses dejetos, eu também estou produzindo energia. No passado eu utilizava motores movidos a óleo diesel e gastava R$ 2 mil por mês com o combustível, hoje eu não preciso mais", afirma o proprietário, José Carlos Colombari.

CRIME AMBIENTAL 
Nas últimas décadas, a criação de porcos foi considerada pelos órgãos ambientais como `potencialmente causadora de degradação ambientalchr39, fazendo parte, inclusive, da Lei de Crimes Ambientais no que se refere ao descarte incorreto do esterco.

Por outro lado, a suinocultura é considerada um importante fator de equilíbrio social, permitindo a fixação de um grande contingente de pessoas no campo, já que mais de 85% das propriedades são de pequenos e médios empresários. Estima-se que sejam 2 milhões de criadores, um número que representa quase 50% de todas as propriedades rurais do País.

"Devemos criar novas formas de geração de energia renovável, sempre com a preocupação de proteger o meio ambiente, mantendo o equilíbrio social", ressaltou Jorge Samek, diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional.

As vantagens do Biogás 
Aumenta a disponibilidade de combustível no meio rural; reduz a necessidade de lenha, poupando assim as matas. Elimina custos do transporte e estoque de energia; Melhorara o padrão sanitário e higiênico no meio rural; sistema não compete com a produção de alimentos.

Um metro cúbico de biogás equivale a:0,613 litro de gasolina, 0,579 litro de querosene, 0,553 litro de óleo diesel, 0,454 litro de gás de cozinha, 1,536 quilo de lenha, 0,790 litro de álcool hidratado e 1,428 Kw de eletricidade.

Como funciona um biodigestor 
1) Excrementos de animais e restos de alimentos são misturados com água no biodigestor
2) Dentro do equipamento, a ação das bactérias decompõe o lixo, transformando-o em gás metano e adubo
3) O gás pode ser encanado para alimentar um gerador elétrico ou usado em fogões e motores
4) As sobras são usadas como biofertilizantes, isentos de substâncias químicas

O esgoto que vira combustível
Duas novas e inusitadas formas de gerar energia estão sendo testadas no Brasil. A primeira delas pretende transformar esgoto sanitário em combustível. A segunda quer reaproveitar o esterco de galinhas para movimentar uma termelétrica.

A idéia de gerar eletricidade por meio do esgoto doméstico faz parte de uma pesquisa que está sendo desenvolvida pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A idéia é utilizar a chamada `escumachr39, ou seja, o resíduo flutuante da superfície do esgoto, na produção de biodiesel.

De acordo com o pesquisador do Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia da UFRJ (Coppe/ UFRJ), Luciano Basto, o estudo já apresentou resultados satisfatórios nos ensaios de laboratório.

TESTES 
Recentemente, foi firmada uma parceria com a Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio (Cedae) para que sejam realizados testes de maior escala, em estações de tratamento de esgoto."Fizemos um acordo para que se instale um equipamento numa das estações de tratamento, para poder comprovar a viabilidade técnica, econômica e ambiental de todas as etapas de produção deste combustível", disse Basto.Segundo o pesquisador, a retirada da `escumachr39 das piscinas de tratamento das estações de esgoto é um custo a mais para as empresas responsáveis pelo processo. Por isso, o uso desses resíduos na produção de combustível pode ser uma solução econômica viável."Além de estarmos trabalhando com um combustível limpo do ponto vista ambiental, como é o caso do biodiesel, estamos resolvendo um problema operacional que toda estação de tratamento tem: o que fazer com aquele resíduo", conta.

"Normalmente, as estações pagam para se livrar e para tratar esses dejetos. E, geralmente, o material acaba em um aterro sanitário. Agora, estamos transformando isso em combustível capaz de substituir o óleo diesel. Então, se ganha duas vezes".  (FONTE: AGÊNCIA BRASIL - VITOR ABDALA)

Galinha energética 
Uma fazenda no Norte de Minas Gerais está testando um projeto de bioenergia a partir do esterco das galinhas. Além de biofertilizantes, o sistema gera gás suficiente para movimentar uma usina de 4 megawatts, capaz de atender a uma cidade de 60 mil habitantes. Segundo Maurício Schittini, da Incisa Empreendimentos, um dos idealizadores do projeto, a fazenda que servirá de `fornecedorachr39 do insumo tem 1,8 milhão de galinhas poedeiras. Elas produzem 40 toneladas por dia de dejetos. Schittini diz que o projeto vai gerar 20 mil metros cúbicos por dia de gás, que serão fornecidos para a indústria vizinha à fazenda. O especialista frisou que, de acordo com a região onde for instalado esse projeto, o gás poderá ser beneficiado e transformado em outros tipos de energia. "Dependendo das necessidades do local, é possível produzir GLP, o gás de cozinha, o gás veicular (o GNV) ou instalar uma usina para gerar eletricidade", ressaltou Schittini, afirmando que esse "será o primeiro projeto do gênero integrado que vai tratar os rejeitos das aves que hoje poluem o meio ambiente".

(Fonte: Veiculado no Jornal A Tribuna de Santos, em 26/05/2008)

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