Em 11 de setembro de 1876, o empresário francês Pedro Aleixo Gari, por meio de um decreto assinado pelo imperador D.Pedro II, deu início ao que se considera a primeira experiência brasileira no recolhimento do lixo urbano. 

O serviço foi tão bem aceito pela comunidade que, do sobrenome de Aleixo, ficou para posteridade o termo ‘gari’. Se fosse possível escavar esses primeiros lixões, da mesma forma que os arqueólogos fazem ao se deparar com vestígios de civilizações antigas, veríamos uma radical transformação social, tudo detalhadamente representado em nosso lixo do dia-a-dia.

Bastaria ir cavando. Lá no fim dessa hipotética pilha de detritos estariam os restos dos materiais coletados pelos garis de Aleixo, há quase 130 anos. Provavelmente, encontraríamos pouquíssimos materiais industrializados. Já no topo, logo no início da escavação, muito plástico, papel, papelão e vidro, boa parte, embalagens.

Respostas
Com os olhos de um arqueólogo, da mesma forma como eles analisam artefatos do Egito dos faraós ou da América dos Maias, seria possível recontar a inimaginável mudança que aguardava a humanidade, responsável hoje pelo descarte de 30 bilhões de toneladas de detritos ao ano.

De que forma se deu essa mudança? Como esse acelerado processo de desenvolvimento influiu nas famílias brasileiras? Quais as consequências dessa inédita diversidade de bens na qualidade de vida?

Um grupo de arqueólogos brasileiros decidiu apostar que o lixo pode oferecer essas e outras respostas, inclusive indícios de como diminuir o problema gerado pelo descarte de nossas atividades cotidianas.

A idéia não é nova (veja quadro na página), mas, segundo André Wagner Oliani Andrade, da Universidade de São Paulo (USP), é a primeira vez que é colocada em prática no Brasil.

Máquina do tempo
Nos últimos anos, toneladas de detritos já foram devidamente coletadas e etiquetadas no aterro de Volta Fria, na cidade de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo. No total, são milhares de itens, retirados de uma profundidade de mais de 15 metros.

“Quanto mais fundo descemos, mais voltamos no tempo. Em termos de datação é como tivéssemos recuado mais de dez anos no passado”, explica Andrade.

O aterro estudado funcionou de 1988 até 2003. Curiosamente, foi em 1988 que começou a produção de garrafas PET no País. Sem tantos atrativos econômicos para sua reciclagem, como as latas de alumínio, o plástico é a categoria com maior número de amostras recolhido no lixão. Já as latinhas são raridade.

Segundo Andrade, uma das evidências mais fortes é a “enorme quantidade de materiais passíveis de reciclagem”. Ele estima que entre 80% a 90% dos resíduos poderiam ter sido reaproveitados.

Realidade versus teoria
Porém, uma vez no lixão, irão depender de uma série de fatores para a sua decomposição. Nesse ponto, o pioneiro estudo coordenado por Andrade já balança alguns conceitos.

É o caso de certas tabelas que informam quanto tempo determinado produto demora para se degradar na natureza. Geralmente, esse tempo é estimado a partir de testes em laboratório. Mas parece que o lixão tem as suas próprias regras.

“Encontramos um rolo de papel higiênico a seis metros de profundidade. Isso equivale há cerca de cinco anos. Deveria estar decomposto, mas estava quase intacto. Já uma embalagem plástica, localizada em uma área mais úmida do aterro, a quatro metros de profundidade, praticamente se esfarelava ao ser tocada. Teoricamente, não deveria estar tão degradada”, exemplifica Andrade. 

(Fonte: Recicla Brasil – Veiculado no Jornal A Tribuna de Santos, em 05/06/2008)

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