No edifício Timão, na Ponta da Praia, a maioria dos moradores sabe que o nome do prédio faz referência ao leme de um navio. Contudo, para alguns condôminos corintianos, “uns dois chatos”, como define o zelador Vanderley dos Anjos Santos, trata-se de uma homenagem ao time do Parque São Jorge.

Por toda a Cidade, entre os mais de cinco mil condomínios residenciais construídos, alguns chamam a atenção pelo nome, ficando conhecidos e até mesmo servindo como referência de localização. Uns levam nomes de mulheres, outros, de pássaros, estados ou lugares.

Os mais novos, contudo, carregam designações pomposas, com expressões em francês ou em inglês. Jogada de marketing, para dar um ar de sofisticação ao empreendimento imobiliário, como afirmam arquitetos, publicitários e construtores.

Professor dos cursos de Arquitetura e Engenharia da Universidade Santa Cecília (UniSanta), Francisco José Carol conta que a construtora Encol – que decretou falência em 1999 – tinha uma área específica para cuidar de todo o marketing dos prédios, incluindo a escolha dos nomes.

Mas esse processo nem sempre foi assim. “Antigamente, o dono da construtora pegava a enciclopédia – porque não existia o Google para pesquisar. Ele abria uma página e procurava um nome de forma aleatória”, conta o arquiteto.

“Ou então dedicava a obra à família, dava o nome da filha ou do filho, ou do lugar de onde tinha vindo”.

Uma rápida passada por algumas vias importantes de Santos dá a idéia do número de filhas, principalmente, ou de esposas homenageadas por construtores mais antigos. Na Avenida Ana Costa, há o Edifício Eliana Maria; na Presidente Wilson, o Raquel – Denise; ainda na orla, o Glória, o Íris, o Vera Lúcia e o Lucy.

Marketing
Antigamente, morava-se no Indaiá, Itapira, Iguaçu, Jandaia, Gaivota. Ou nos famosos Universo Palace, no José Menino, Monte Branco – aquele com elevador panorâmico, Costa Esmeralda, Jardim do Atlântico ou no Enseada, na Ponta da Praia.

Havia também aqueles dedicados aos santos: São João, São Jorge, São José.

Atualmente, porém, na hora de escolher o nome do edifício, são feitas outras considerações. “Hoje em dia, cada vez mais o nome do prédio é uma opção de marketing”, garante o professor de arquitetura da Universidade Católica de Santos (UniSantos), Maurício Azenha Dias.

“Nesses grandes empreendimentos, o arquiteto discute os nomes com publicitários e corretores de imóveis”. Dessa forma, a fim de se criar uma sensação de status, luxo e conforto, surgem os nomes “castel”, “maison”, “portal” ou “vista”, explica o professor. “Pensamos na localização, acoplada à arquitetura do prédio ou a uma homenagem”, comenta o estagiário de publicidade da União Consultoria de Imóveis, Thiago Puglise Carvalho. Exemplos disso são o Pentágono Residence (característica arquitetônica) e o Costa Tropical (leva em conta a localização).

A construtora santista Plano & Forma optou por denominações em latim. “Temos as idéias e depois consultamos publicitários”, explica uma das sócias da empresa, Maria de Fátima Lopes de Carvalho.

O último levantado pela construtora chama-se Lumina Residencial.

Fachadas

Reformas valorizam os imóveis
Elas valorizam os apartamentos e melhoram a qualidade de vida dos moradores. As reformas da fachada, com a troca de revestimento dos prédios, no entanto, guardam armadilhas para os condomínios, como custos altos, prazos não cumpridos, processos trabalhistas e, depois de tudo, um resultado abaixo das expectativas, com má qualidade do serviço prestado.

Com grande número de construções da década de 1960, Santos vive um momento de “reforma” destes imóveis, principalmente na orla, onde cerca de 10% dos aproximadamente 150 prédios se preparam, passam ou já sofreram, recentemente, trabalhos do gênero.

Para Rubens Moscatelli, presidente do Sindicato dos Condomínios Prediais do Litoral Paulista, as reformas valorizam os imóveis, mas requerem muito cuidado por parte do contratante. “O maior problema é a qualidade versus o preço”, diz Moscatelli. “Normalmente, a assembléia do condomínio escolhe a empresa que dá o menor preço, o que nem sempre é o melhor. Muitas vezes são pequenas empreiteiras que não têm mão-de-obra qualificada e, por vezes, quebram deixando de entregar a obra”.

Ainda de acordo com Moscatelli, o ideal é conhecer o currículo dessas empresas que prestam serviço. Pesquisas junto aos síndicos que já as contrataram e nos fóruns da Justiça do Trabalho e Cível podem ajudar a saber mais sobre a contratada.

As verificações judiciais devem ser feitas para saber se outros condomínios entraram com processo por causa do serviço prestado e também para conferir se há processos trabalhistas, um indicador sobre a relação com os trabalhadores.

Do contrário, uma ação trabalhista pode ser movida contra o condomínio, uma vez que, pela legislação, o contratante assume a responsabilidade quando o empreiteiro não paga seus empregados.

“Também é bom saber se há um engenheiro envolvido na reforma. Porque boa parte deles apenas assina o trabalho”, resume Moscatelli.

Qualidade
Proprietário de uma empresa que recupera fachada há 25 anos, o engenheiro civil Teide Castro já realizou por volta de 30 obras do gênero. A maior reforma de fachada da orla hoje, do Edifício Excelsior, no Boqueirão, é feita pela sua empreiteira.

“As reformas de fachadas são necessárias por vários motivos. Além da estética, impermeabilizam as construções, evitando que o salitre do ar marinho penetre nas ferragens”. Outra vantagem é conseguir que possam ser recuperadas. “Hoje, conseguimos uma impermeabilização de quase 90%, o que é um padrão muito alto de acabamento”.

(Fonte: Veiculado no Jornal A Tribuna de Santos, 13/08/2007)






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