Quadrilhas especializadas em arrastões se valem das falhas nos procedimentos de segurança para invadir os condomínios.

A onda de arrastões em edifícios não é novidade e mobiliza os síndicos numa verdadeira cruzada contra o inimigo. Antes redutos de tranqüilidade, hoje os edifícios de um apartamento por andar, são vítimas de quadrilhas especializadas, que estudam os pontos vulneráveis do condomínio, arregimentam o maio número possível de bandidos e se armam fortemente para a tarefa.

Infelizmente, nem sempre o investimento em equipamentos eletrônicos de segurança garante que o condomínio fique livre dos arrastões. "A maior fragilidade dos condomínios é em relação aos procedimentos operacionais adotados", informa Florival Francisco Ribeiro, consultor de segurança e instrutor do Secovi-SP. Segundo Ribeiro, os procedimentos integram os outros componentes de um projeto de segurança em condomínio: os condôminos, as instalações físicas, os equipamentos eletrônicos e os funcionários. "Em 90% dos casos, os arrastões ocorrem por falha nos procedimentos, seja dos porteiros, dos controladores de acesso ou dos próprios moradores. Não adianta ditar regras e normas se depois esses procedimentos são colocados na gaveta", adverte.

As normas a serem seguidas por moradores e funcionários devem ser aprovadas em assembléia e divulgadas por escrito. A partir daí, fica mais fácil para os porteiros saber o que deve e o que não deve ser feito em relação à segurança. Para fiscalizar o cumprimento das normas, o consultor comenta que alguns condomínios estão elegendo comissões de condôminos e funcionários que funcionam como membros fiscalizadores. "A pessoa que viu a infração preenche um formulário, uma espécie de boletim de ocorrência, e encaminha para o síndico e a comissão de segurança. O infrator se defende e a comissão analisa se é necessário aplicar alguma pena. È o conceito de mediação utilizado em benefício da segurança", aponta.

Apesar do esforço dos condomínios em aprovarem condutas de segurança com intenção preventiva, muitos funcionários ainda caem nas armadilhas dos bandidos. Para o consultor de segurança, José Elias de Godoy, autor de "Técnicas de Segurança em Condomínios - Editora Senac", na imensa maioria das ocorrências de roubos em condomínios os assaltantes entraram pela porta da frente. "De alguma forma burlaram ou violaram o sistema de segurança montado, ludibriando o porteiro de serviço", diz. Entre os modos de acesso mais comuns utilizados pelos ladrões estão os disfarces de entregadores de pizza, encomendas, flores e cestas de café da manhã. O bandido ainda se faz passar por prestador de serviço, comprador de imóvel ou tenta enganar o porteiro dizendo que veio buscar uma TV, carro, sofá ou outro objeto do morador, exibindo até mesmo bilhete e telefone do condômino para verificação. Se disfarça de policial militar, civil ou federal, uniformizado ou não, em carros particulares, querendo entrar no prédio;ou se apresenta como oficial de justiça ou advogado querendo forçar a entrada no condomínio sem se identificar.

Para que o porteiro reconheça situações de perigo é preciso investir no treinamento do funcionário. Na opinião de Claudenir Silva, analista de treinamento em segurança, há uma grande lacuna na legislação em relação à formação do porteiro. Conforme Claudenir, enquanto os serviços de vigilância são subordinados à lei 7.102/83, regulamentada pela portaria 992/95, que determina carga horária e conteúdo programático do curso de vigilante, para os porteiros não há exigências.

"Toda profissão necessita uma formação específica. Um motorista, por exemplo, precisa conhecer primeiros socorros e proteção contra incêndio. O porteiro lida com vidas e precisa conhecer técnicas de segurança e de controle de acesso. Para um vigilante, são exigidas 120 horas de aula enquanto que para os porteiros não há exigência nenhuma. Ainda se acredita que qualquer um pode ser porteiro", afirma.

Transformar o porteiro num profissional qualificado é a única saída, na luta contra os arrastões, segundo Caludenir. "O arrastão é a bola da vez. Os bandidos estão investindo no planejamento e na consumação de um arrastão. O porteiro deve trabalhar com conceitos de segurança, como manter distância física do meliante e encarar todo desconhecido como suspeito", aponta. 

Estar sempre atento a toda movimentação do prédio e reconhecer se um morador está em perigo estão entre as principais atribuições do porteiro, completa o consultor Florival Ribeiro. "Um porteiro deve conseguir identificar se um sorriso do morador é de satisfação ou nervoso por estar numa situação de perigo.

A grande lição da segurança é detectar situações de risco, identifica-la e impedir que o risco progrida. O porteiro deve estar seguro para tomar as providências necessárias", resume. Além do porteiro, o faxineiro é outra figura-chave quando se trata de segurança do condomínio, acredita Ribeiro: "O faxineiro também deve ser valorizado, porque ele anda pelo prédio todo, vê situações e pode colher informações importantes para o sistema de segurança. Ele pode levar as informações relevantes para o zelador, e este para o síndico. Quem faz a segurança são as pessoas, e não as instalações físicas ou equipamentos eletrônicos".

Mesmo prédios sem porteiros e guaritas têm sido alvo dos arrastões. Já foram registrados casos de assaltos a apartamentos tipo quitinete. Os bandidos rendem os moradores na entrada do prédio e partem para os apartamentos. "Na verdade, os arrastões que estão ocorrendo nesses prédios pequenos não foram realizados por quadrilhas especializadas, acostumadas a assaltarem prédios de luxo. Porém, são pequenas quadrilhas que começam a perceber a vulnerabilidade geral dos condomínios, como um todo. Podemos concluir que todos os condomínios estão sujeitos a assaltos, nas suas diversas modalidades e, portanto, devem se previnir", conclui José Elias de Godoy.

(Fonte: Revista Direcional Condomínios - Junho/2006)

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