Manhã do dia 1° de fevereiro de 1974. O fogo começa a atingir o Edifício Joelma, em São Paulo. Equipes de emergência são acionadas. Oficiais do Corpo de Bombeiros iniciam o resfriamento da estrutura. Para tentar escapar do fogo, muitas pessoas se aglomeram nas escadas. Num ato desesperado, outras se atiram pelas janelas do prédio de 26 andares. Em meio a esse caos, quatro bravos homens do Comando de Operações Especiais (COE) da Polícia Militar fazem o caminho inverso. No topo de uma edificação paralela, uma escada magirus é usada como ponte para acessar o prédio em chamas. E entre nuvens de fumaça preta, eles iniciam o resgate das vítimas.

O incêndio no Edifício Joelma foi o maior ocorrido em São Paulo: deixou 188 mortos e centenas de feridos. Mais de 30 anos depois, a tragédia está viva na lembrança do capitão da reserva da Polícia Militar, Newton Fereira da Silva, membro da primeira equipe que entrou no prédio.

Um dos oficiais vivos mais condecorados da PM – com medalhas conferidas por seus atos de bravura e heroísmo – Silva esteve em santos no último domingo para ministrar palestra sobre sobrevivência em ambientes hostis e mostrou cenas do resgate no Joelma. Durante o ocorrido, o capitão, que durante 21 anos atuou no COE, ajudou a salvar mais de 80 vidas.

Quando saiu de São Luís, no Maranhão, o rapaz de família pobre que veio tentar a vida na Capital não imaginava que veria tanta desgraça. Dentro do Joelma, Silva diz ter vivido momentos de horror. “No 17° andar, olhei para o chão e vi um corpo totalmente calcinado (reduzido a cinzas). Conforme eu jogava água, o corpo se dissolvia, como se fosse cinza de um cigarro”, diz o capitão, que dois anos antes havia atuado no resgate do Edifício Andraus, onde morreram 16 pessoas.

No banheiro de um dos andares do Joelma, outra cena o impressionou. “Encontrei cinco pessoas mortas numa banheira. Apesar de não terem sido atingidas pelas chamas, elas morreram devido ao calor e a temperatura da água, que passava dos 100 graus”.

No 12° andar, ao apagar as chamas, Silva encontrou outros 12 corpos. “As pessoas não tinham mais cabeças nem os membros. Apenas os troncos, totalmente carbonizados. Uma cena chocante”.

Enquanto faziam o trabalho de resgate das vítimas que eram levadas por helicópteros, precisavam acalmar quem trabalhava no prédio e convencer algumas pessoas a não se jogarem do edifício.

De família de militares – o pai serviu a PM e o filho é 1° Tenente do COE, o capitão lembra com saudades da época que começou a carreira. “Fazia o policiamento a pé pelas ruas da Capital. Mas, naquela época, a cidade não era tão violenta”.

Aos 77 anos, Silva diz que nem pensa em ficar parado. Depois que entrou para a reserva militar, passou a ministrar cursos de sobrevivência para o Exército, a Aeronáutica e a Guarda Civil, em seu sítio em Mairiporã. E já formou mais de 4 mil homens, inclusive da Baixada Santista.

O oficial também viaja pelo Brasil para fazer palestras para estudantes e público em geral. “O que me motivava a arriscar a minha vida era saber que iria salvar um ser humano”.

Primeiros socorros podem salvar vidas
Alertar a população para a importância da prevenção de acidentes e do conhecimento nos primeiros socorros. Com esses objetivos foi promovido o I Ciclo de Palestras em Saúde Preventiva para a Comunidade, que teve a participação do capitão da reserva Newton Ferreira da Silva.

O médico voluntário da Cruz Vermelha e capitão da reserva do Corpo de Bombeiros Wilson Carletti, organizador do evento, também ministrou palestras no último domingo. Segundo ele, o conhecimento básico de primeiros socorros pode ajudar um cidadão comum a salvar vidas. “São manobras simples, que podem ser executadas por qualquer pessoa. E isso pode fazer a diferença”.

Na opinião do médico, que também atua no Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) de São Paulo, esses procedimentos deveriam ser ensinados nas escolas.

O evento foi promovido pelo Instituto Nacional de Desenvolvimento Humano, em parceria com a Carletti Consultoria e Treinamento, Gobatti Office Center, Ensina Net, Corpo de Bombeiros, Cruz Vermelha de Santos, Rotary Vila Belmiro e Fundo Social de Solidariedade de Santos.

(Fonte: Veiculado no Jornal A Tribuna de Santos, em 27/11/2007)

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