Condomínios fechados de grande porte como constituição de um espaço público idealizado, onde não há o inesperado. Foi o que constatou a socióloga Marina Rebeca Saraiva, na pesquisa Viver entre muros: o privado como produtor de novas relações sociais. Ela estudou sobre os estilos de vida em condomínio com estrutura de lazer, moradia e consumo. Defendeu a monografia, em 2006, no Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Ceará e iniciará mestrado, neste semestre, na Unicamp sobre a socialização das crianças nesses condomínios. 

"Não é que esses condomínios sejam o ideal, mas foi o que percebi nos discursos. Em alguns condomínios de grande porte no Brasil, existem violências, atropelamentos. Mas, como em Fortaleza, o surgimento é recente, não se percebe ainda. Essa idéia de condomínio de grande porte (com moradia, lazer e consumo) começou em São Paulo, há 30 anos, e se espalhou pelo Brasil", explica Marina. 

A socióloga trabalhou com a idéia de segregação voluntária, do autor polonês Zygmunt Bauman, que faz uma discussão sobre os "guetos voluntários", grupos de pessoas com objetivos comuns, religioso ou racial nos Estados Unidos. "Nesse condomínio de grande porte, a segregação é voluntária. São pessoas que decidem compartilhar com outros os mesmos valores: segurança, relação de confiança com o vizinho, estar na natureza, tranqüilidade, vivência em comunidade". 

Nos discursos, aparece o ideal comunitário, da vivência harmoniosa com os outros e o medo da violência urbana. Mas a violência, para Marina, é usada também como justificativa, porque existem condomínios do mesmo estilo em outras cidades brasileiras com índices de violência baixos. Ela também percebe uma procura pela segurança privada diante de uma falha do Estado para garantir a segurança pública. 

"Muitos relatam o desejo de viver à moda antiga, com confiança estabelecida no outro igual, semelhante, na chance de os filhos poderem estar livremente na rua andando de bicicleta. Grande parte que opta por essas moradias tem filhos menores, quer que eles tenham a oportunidade de andar na rua como os pais faziam. Mas não é a mesma situação. As pessoas estão dentro de um condomínio". 

(Fonte: Jornal O Povo)

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