Monumentos históricos exuberantes como o Teatro Coliseu e a Bolsa do Café, assim como ruínas centenárias como as do Engenho dos Erasmos e do Teatro Guarani, representam no imaginário popular a definição de imóvel tombado. 

Além de ricos em cultura, eles são parte visível da história de Santos e por isso receberam esta certificação do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Santos (Condepasa). Há ainda outros 36 imóveis com este título na Cidade, como por exemplo, o da Estação Ferroviária e o Cemitério do Paquetá.

Mas há também, disfarçados entre as diversas edificações urbanas da Cidade, prédios com uma riqueza histórica similar. Por isso, foram tombados com o nível 2, o que significa que eles estão fora da área de proteção cultural e devem ser preservados parcialmente, o que inclui suas fachadas, volumetrias e telhados. 

A principal vitrine dessas construções é a orla da praia, que concentra cinco dos nove prédios com nível 2. Entre eles está o Edifício Verde Mar, tombado há cerca de 7 anos. Sua imponência não passa despercebida, principalmente por causa do design arrojado e da mistura de cores sutis das pastilhas da fachada. 

O mais curioso é que o monumento foi projetado entre as décadas de 40 e 50 por João Artacho Jurado, que se tornou conhecido por obras glamourosas que se tornaram referência em Santos e São Paulo. Autodidata, Jurado nunca chegou a freqüentar faculdades de Engenharia ou Arquitetura, e por isso pedia a outros profissionais para assinarem suas obras. Anos mais tarde foi reconhecido em sua profissão.

Quem conta a história é Hélcio Rossi, que já mora há 25 anos no Verde Mar. Segundo ele, depois que terminou o prédio Jurado chegou a viver ali, no 15° andar, durante um ano.

O morador explica que o tombamento foi resultado do planejamento de uma reforma. “Começamos a obra em um mês e no outro o edifício foi tombado. Tivemos que mudar tudo para restaurar a fachada do jeito que era quando foi construída”.

A contrapartida fiscal foi pedida há cerca de três anos, mas ainda não veio. “Solicitei isenção de IPTU e eles pediram para que eu pintasse as janelas de alumínio de branco, como eram no início, e também lavasse tudo. Estamos providenciando”.

Ao lado do Verde Mar está o Edifício Astro, que foi tombado no ano passado. A síndica do prédio, Márcia lídia Masteralli, afirma que além da fachada bonita, um detalhe interessante é que de seus corredores é possível avistar o mar. Porém, ela explica que o tombamento veio da discordância dos moradores. “Alguns queriam modernizar e outros, restaurar. A pedido de alguém o Condepasa veio e decidiu a certificação”.

Restauro
A maior dificuldade no restauro foi encontrar as pastilhas originais, na cor verde escuro, que já não eram mais fabricadas. Márcia conta que a busca durou oito meses. “Procuramos em Campinas e até no Paraná”. Foi quando eles perceberam que um outro edifício que estava em reforma descartou essas pastilhas. “Entramos em contato com o síndico e ele gentilmente nos cedeu”.

Dicas
Edifício Verde Mar
(Avenida Vicente de Carvalho, 6, Boqueirão), tombado entre 2000 e 2001. Começou a ser construído em 1948 e levou entre 12 e 15 anos para sua conclusão. Originalmente tinha 168 apartamentos e hoje conta com 137.

Edifício Astro
(Avenida Vicente de Carvalho, 10, Boqueirão), tombado no ano passado. Foi construído na década de 50. Tem 52 apartamentos.

Palacete São Paulo
(Avenida Washington Luiz, 570/574), tombado em 2005. Foi construído há cerca de 80 anos. Tem 20 apartamentos e quatro lojas.

Edifício Itamaraty
(Avenida Marechal Deodoro da Fonseca, 25, Gonzaga0, chegou a ser tombado há cerca de 10 anos, mas a questão foi à Justiça e os moradores conseguiram reverter a situação. Só que hoje, como está nas proximidades, da Praça da Independência, o prédio ainda recebe atenção especial do Condepasa. Foi construído na década de 50. Tem 34 apartamentos. (Fonte: moradores e síndicos dos prédios)

Medida não agrada a todos
Se por um lado o tombamento traz orgulho para os moradores e pode proporcionar isenção fiscal para os que resgatarem sua fachada original em detalhes, por outro também traz mais trabalho na hora de reformar. Por isso é que há edifícios que abrem mão da honraria.

Um deles é o Itamaraty, no Gonzaga. Um de seus diferenciais é a fachada com colméias, que hoje já não são mais de louça como na década de 50, quando foram construídas. Mesmo assim, chamaram a atenção para que o prédio fosse tombado há cerca de 10 anos, no meio de uma reforma que os moradores estavam fazendo.

Segundo a síndica, Vera Lúcia Figueiredo Rocha, com isso eles teriam que mudar todo o projeto e resgatar sua forma original. “Os moradores foram à Justiça e conseguiram anular o tombamento”. Entretanto, o prédio não perdeu a atenção do Condepasa. Há cerca de dois anos, quando eles decidiram fazer outra reforma, perceberam que teriam que se enquadrar nas normas do órgão. “Os técnicos disseram que o motivo é o prédio ficar no entorno da Praça da Independência. Tínhamos um projeto diferente e tivemos que mudar algumas coisas”.

A síndica do Palacete São Paulo, Neyde Maria Torres Lopes Coelho, também pensa em fazer uma reunião com os moradores para discutir a possibilidade de reverter o tombamento, que ocorreu há cerca de dois anos. Segundo ela, não é possível hoje que o prédio resgate suas características originais e possa conseguir isenção fiscal. “Há quatro lojas aqui e todas mudaram, colocando luminosos e portas diferentes”.

O tombamento, a pedido de alguém que Neyde não conhece, surpreendeu a todos na época. “Isso tinha que ter sido conversado com os moradores. Este é um prédio raro, bonito, mas perdemos nossa liberdade sem ter nenhum benefício”.

(Fonte: Veiculado no Jornal A Tribuna de Santos, em 24/06/2007)

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