A arquiteta Jamile de Castro Nascimento, 24, foi morta com uma pancada na cabeça antes de ser jogada na fossa de um prédio na Vila Mariana (zona sul de São Paulo), aponta perícia feita ontem no IML (Instituto Médico Legal). De acordo com a polícia, o porteiro do edifício confessou o crime.

Jamile ficou desaparecida 28 dias. Foi encontrada anteontem no edifício, onde havia vistoriado um apartamento. O corpo só foi localizado após o porteiro Jadson José dos Santos, 32, sugerir que a polícia voltasse a vasculhar o edifício.

Em um primeiro momento, Santos negou a autoria do crime, mas já era o principal suspeito do caso, pois foi flagrado por policiais com o cartão de crédito e o carro da vítima.

Na madrugada de ontem, o porteiro admitiu ter cometido o crime, afirmou o delegado Eduardo de Camargo Lima, da DAS (Divisão Anti-Sequestro).

A Folha foi à casa do acusado, mas ninguém atendeu aos chamados. Também não foi localizado o advogado de Jadson.

Segundo Lima, o porteiro chamou a vítima para dentro da guarita para que ela assinasse um livro de presença após a vistoria. Foi nesse momento que Jamile foi dominada.

No relato à polícia, ele disse que bateu a cabeça da arquiteta contra o chão. O laudo do IML indicou como causa da morte um traumatismo no crânio. Não há indícios de que chegou a haver resistência.

Após o golpe, Santos colocou o corpo de Jamile na fossa, que integra o sistema de esgoto do prédio e possui 2,5 m de profundidade. Para o delegado, o acusado fez isso para “ganhar tempo e gastar o dinheiro”.

Acusações
O porteiro, que trabalhava havia cerca de 40 dias no prédio, já respondia a três inquéritos, acusado de ser autor de seqüestros relâmpagos. Após a divulgação da imagem dele, outras três pessoas ligaram para a polícia dizendo que também haviam sido vítimas de Santos.

“Ele disse que, às vezes, dá uma coisa nele, e ele precisa roubar”, afirmou o delegado. “Mas pode ser uma busca de uma saída para atenuar o crime. Ele é muito frio, às vezes faz que não é com ele. Já deu várias versões para o crime”.
As investigações da polícia indicam que Santos atuou sozinho. Não foram encontrados sinais de violência sexual.

Além dos três inquéritos por seqüestros relâmpagos, Santos irá responder por latrocínio (roubo seguido de morte) e também ocultação de cadáver. Até o momento, a polícia não encontrou testemunhas que tenham visto o assassinato.

“Parece um filme, estamos arrasados”, disse Érica Gumiero, 28, amiga de Jamile.

“Os pais estão moídos”, afirmou o advogado da família, Sérgio Gegers. Ontem, um irmão de Jamile, que mora em Londres, voltou ao Brasil para acompanhar o enterro, que está previsto para hoje.

‘Jadson era educadíssimo’, diz moradora

“O Jadson era educadíssimo, simpático, fiquei boba quando soube”, diz uma moradora do edifício onde foi encontrado o corpo da arquiteta Jamile de Castro Nascimento, 24. Porteiro do prédio, Jadson José dos Santos é o principal suspeito pela morte da jovem.

Uma babá que trabalha no prédio afirma que Santos “sempre brincava com as crianças, abria a porta do elevador para a gente entrar quando estava com sacolas e só me tratava por senhora”.

Outra moradora conta que santos era afável, “uma pessoa da qual jamais se esperaria uma atitude assim”. Ela conta que o porteiro trabalhava ali havia menos de dois meses. Diz que a empresa terceirizada que cuidava da segurança do prédio foi substituída. Desde então, três porteiros já passaram por ali.

Os entrevistados pediram para não ser identificados.

Fábio Paranhos, diretor de RH da empresa responsável pela instalação de grades com cercas elétricas no edifício, conta que ontem recebeu muitos telefonemas de clientes de outros condomínios apavorados com a própria situação: “Perguntavam como agir numa situação assim. Respondi que do mesmo jeito que agiriam se um louco resolvesse matá-los com uma faca no cinema. Não há como controlar a situação quando o assassino está do lado de dentro da grade”.

Um apartamento por andar, piscina, condomínio por volta de R$1.000,00, o prédio é o único de uma pacata rua de Vila Mariana. Ontem, dois caminhões de uma empresa de limpeza estacionaram no local para fazer a higienização da fossa onde o corpo de Jamile foi encontrado. Um deles faria a sucção e o esgotamento, o outro, a lavagem. O serviço saiu por R$890.

Vigia há cinco anos da guarita que fica em uma travessa da rua, Aparecido Andrade, 54, diz que “todo mundo tem medo”. “Mas a violência está em todo lugar. E o espírito do mal que ronda a terra”.

(Fonte: Veiculado no Jornal Folha de São Paulo, em 16/08/2007)

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