Quem quiser ter a conveniência de evitar os estacionamentos lotados dos shoppings vai ter que colocar a mão no bolso com a gana de consumidor gastador: entre US$ 420 mil e US$ 1,4 milhão.

A nova pérola imobiliária dará aos consumistas, ou melhor, aos residentes, o prazer da vista para a Sears, para a duas auto-estradas (Rota 30 e MA Turnpike) e para uma reserva de mangue. Mas as regalias não param por aí: os moradores também terão acesso à segurança 24 horas, lavanderia, estacionamento subterrâneo, academia de ginástica e jardim privativo no terraço com 1,2 hectare. No sexto andar, o Club Nouvelle vai acomodar uma biblioteca, bar e sala de TV.

Alan, de 71 anos, e Adacie Gould, de 69, esperam que o chr39clubchr39 possa resolver o problema do filho Michael, um solteirão de 43 anos que foi convencido pelo casal a comprar um apartamento três andares acima do deles.
"Dissemos a ele que o local é ideal para conhecer gente nova. Se ele quiser descer para tomar um drink, o bar estará lá embaixo esperando por ele, disse Adacie ao jornal "Boston Globe".

Embora reconheçam que o Novelle at Natick foi feito para quem tem alto padrão financeiro, os corretores imobiliários brasileiros esperam que a idéia criativa possa ajudar a movimentar o mercado.

"A idéia da comodidade é excelente. Mas acredito que seja um empreendimento mais voltado para os aposentados americanos", disse a corretora Márcia Pessanha, que saiu de Vila Valqueire (RJ) há 11 anos.

E o acabamento das novas residências, dizem os construtores, tinha que estar a altura do maior shopping da região conhecida de cinco estados como a Nova Inglaterra. Cada imóvel é equipado com banheiro revestido de mármore, cozinha decorada com peças de aço inoxidável e chão com madeira pré-fabricada.

Sedentos por compras ou não, os interessados já estão reservando os apartamentos na planta. De acordo com a diretora de vendas Jane Sheehy 15% das unidades do Nouvelle at Natick já foram vendidas.

"Gostei da localização, fica a 25 minutos de Boston. E você ainda tem a sua disposição lojas requintadas como Louis Vuitton e Tiffany. O meu plano é comprar um apartamento lá", disse Pablo Maia, um goiano pioneiro no mercado imobiliário local que chefia uma equipe de 13 corretores e mora nos EUA há 26 anos.

Segundo o Conselho dos Shopping Malls de Massachusetts, o Nouvelle lança uma tendência que será seguida por outros dois empreendimentos no estado. O The Loop, que lançará na primavera 1.000 novas residências numa área comercial de Northborough, e o Avalon, uma opção mais barata, com apartamentos para alugar localizados num arejado shopping do porto de Hingham, a 40 minutos de Boston.

Crise imobiliária
Para Pablo Maia, a crise imobiliária que os EUA atravessam foi causada por corretores despreparados e compradores afoitos em lucrar rápido com a valorização de suas casas.

"A crise era prevista. Conheço muita gente que entrou no mercado para ganhar dinheiro rápido. Mas o investimento imobiliário é um negócio para a vida toda. Você vende a casa para o pai, que vai indicar você para o filho que acabou de casar. No fundo, esta limpeza do mercado é saudável ", diz Maia.

Para ele, apesar da atual relutância dos bancos em aprovar os empréstimos, "nunca o mercado esteve tão bom para se comprar uma casa".

"O juros estão muito mais baixos e os bancos, mais cedo ou mais tarde, vão voltar a emprestar. Estamos realizando muitos chr39short saleschr39, diz ele referindo-se à venda de casa por preço reduzido momentos antes do banco financiador confiscar o imóvel do morador inadimplente. Ou seja, durante a troca de proprietários o novo comprador pode economizar milhares de dólares.

Já Márcia Pessanha, cuja clientela é feita 70% de brasileiros, já escolheu o melhor caminho para driblar a crise.

"Percebi que a crise afetou mais os americanos. Quando faço chr39open housechr39 vejo muitos imigrantes. O caminho para o corretor agora é investir em outras comunidades, como a indiana e a coreana.

* Eduardo Amaral de Oliveira é colunista do jornal "Nashua Telegraph" e co-editor do jornal brasileiro editado em Boston "Brazilian Journal".

(Fonte: Agência O Globo)
 
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