Além de serem mais altos, estes novos edifícios contam com áreas de lazer mais amplas, refletindo algumas mudanças positivas que surgiram com o Plano Diretor de 1998. Para os empreendedores, esses diferenciais passaram a ser prioridade e um ótimo chamariz para divulgar e vender seus produtos. Mas, e para a sociedade? Em que aspectos esses empreendimentos mudam na vida dos santistas?

Não é a primeira vez que um boom imobiliário acontece em Santos. Na década de 70, um fenômeno similar ao que ocorre hoje se deu em toda a extensão da orla da praia. “Apenas nesse período, 30% dos prédios de frente para o mar foram erguidos. Para se ter uma idéia do que isso significa, basta citar que, entre os anos 20 e 60, apenas 50% da orla foi ocupada”, afirma a arquiteta Jaqueline Fernandez Alves, que fez uma ampla pesquisa sobre assunto.

Até o final dos anos 70, a demanda pedia imóveis de veraneio próximos à praia. Isso explica o fato de apenas os apartamentos de frente para o mar possuírem dois ou três quartos, enquanto o restante é um verdadeiro mar de quitinetes. “A intenção do boom de 70 era servir à população flutuante de operários de classe média da Grande São Paulo, que desejavam passar os finais de semana na praia. Com a quantia que ganhavam dificilmente conseguiriam comprar um imóvel de dois ou três dormitórios”, explica a arquiteta Débora Bastos, que já atuou nas secretarias de Meio Ambiente e Obras de Santos.

O comprador dos imóveis deste novo boom é outro. Hoje o mercado pede um padrão diferenciado. Os novos edifícios apresentam imóveis com duas, três e até quatro suítes, um reflexo de que a sociedade - e até mesmo a instituição família - está mais individualista. “Quem compra estes novos apartamentos são santistas que melhoraram seu poder aquisitivo e pessoas de fora que vêm trabalhar na região, tendência que deve aumentar mais com o desenvolvimento da área de petróleo e gás, que promete muitos novos postos de trabalho em Santos. O mercado está se modelando para uma nova demanda que está aí”, salienta Débora Bastos, que é também professora universitária.

Boom imobiliário e o meio ambiente
Em 1998 o novo plano diretor definiu que, à medida que o edifício se tornava mais alto, ele teria de ser mais estreito. As taxas de ocupação do terreno e área construída foram revistas. E, agora, a tendência são prédios mais finos e com maior área de lazer, o que não afeta tanto da ventilação da cidade, quanto as construções das décadas de 40, 50, 60, 70, que resultaram no enorme “paredão da vergonha”, de prédios ao longo da orla, que impede a circulação dos ventos.

Esse novo boom imobiliário também traz consigo uma nova consciência ambiental, não apenas para os moradores, mas também para a sociedade santista, de modo geral. Hoje, parte dos novos edifícios conta com sistemas de captação e aproveitamento de água pluvial. E a maioria deles apresenta amplos jardins e mais vagas nas garagens, contribuindo para liberar espaço nas vias públicas.

Além disso, os novos condomínios trazem áreas verdes maiores. É uma vantagem, pois terra e vegetação facilitam a absorção de águas pluviais, desde que nessas áreas não sejam instaladas em cima de uma laje ou concreto, claro.

“Essa é uma importante discussão que temos hoje. Quanto mais você impermeabiliza o solo, mais problemas de drenagem você terá, pois a água demorará mais tempo para chegar ao lençol freático ou em um ‘corpo d’água’, seja um rio ou o mar, e isso pode provocar alagamentos. Santos sofre desse mal. Temos que resgatar as áreas permeáveis da cidade. Por isso, manter uma área livre em uma parte do subsolo é importante. Se cada lote da cidade reservar um espaço permeável e se os edifícios conseguirem captar as águas de chuva para reuso, as inundações serão evitadas, além de ser uma atitude consciente e ecologicamente correta, pois a água é um bem finito”, explica Débora Bastos.

De certa forma, as áreas de lazer tentam resgatar antigos costumes que os santistas perderam com as transformações urbana, tecnológica e cultural. “Hoje, os vizinhos de porta mal se cumprimentam e não sentam nas calçadas para conversar. Isso porque o trânsito nas ruas está muito mais ativo do que há décadas. Ao mesmo tempo, nos prédios construídos até a década de 90 não há espaço para a interação social. Hoje, as amplas áreas de lazer (equipadas com piscina, academia e, até lan house) dos novos edifícios estimulam o convívio e reuniões informais entre os vizinhos”, salienta a arquiteta.

(Fonte: Veiculado no Jornal da Orla, em 17/02/2008)

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