As emergências não fazem parte apenas dos filmes e novelas. Elas estão bem mais perto do que imaginamos. No fim do mês passado, por exemplo, a região foi cenário de um desastre que chamou inclusive a atenção da mídia internacional: ao atracar no Terminal de Exportação de Veículos (TEV), na Margem Esquerda do Porto de Santos (Guarujá), para carregar contêineres no Rio Blanco acabou pegando fogo, o que provocou a morte de três dos seus tripulantes.

E essa não foi a única tragédia que assolou a Baixada Santista em fevereiro. Na primeira quinzena do mês, um incêndio em um barraco da Vila Fátima, em São Vicente, deixou 17 pessoas desabrigadas. Felizmente, ninguém se feriu.

Casos assim podem aparecer em nosso cotidiano e nos pegar desprevenidos. Então, para que isso não aconteça, vale a pena reavaliar o nosso comportamento e tomar alguns cuidados.

Segundo o sargento Nivaldo Soares Cardoso, do Corpo de Bombeiros de São Paulo e do Centro de Treinamento de Brigada de Incêndio Águia de Fogo, que fica em Mogi das Cruzes, o principal não só em incêndio de pequenas, médias ou grandes proporções como em qualquer emergência é ter calma. “O que não é nada fácil, afinal esse tipo de situação estressa bastante e até aterroriza. Mas devemos tentar nos controlar ao máximo. A maioria das pessoas se machuca ou morre justamente porque entra em pânico e se comporta de maneira errada”.

Equação do incêndio
O fogo se forma e se propaga quando há o que os pesquisadores batizaram de triângulo. Em outras palavras, toda chama para existir depende da combinação de três fatores: combustível sólido, líquido ou gasoso (papel, madeira, gasolina, gás de cozinha, etc), oxigênio e calor – este último elemento, para se ter uma idéia, pode surgir de uma faísca, de uma lâmpada ligada, de sobrecargas em ligações elétricas (as famosas gambiarras), do impacto de um raio o do superaquecimento de uma máquina. No entanto, é importante destacar que basta falar somente um dos três aspectos citados anteriormente para que o fogo suma.

O sargento Cardoso aproveita essa relação do triângulo para fazer considerações úteis no dia-a-dia:

- Apague o cigarro antes de jogá-lo no lixo ou na caixa de areia;
- Quando estiver no trânsito, nunca atire objetos em terrenos com vegetação. Em um dia mais quente, a calor dos raios solares consegue incendiar um papel e até uma lata de refrigerante. Como se isso não bastasse, as plantas do lugar favorecem a rápida propagação do fogo, ainda mais se estiverem ressecadas;
- Jamais coloque uma vela acesa em um móvel ou objeto que pode pegar fogo com facilidade;
- Não ligue vários aparelhos na mesma tomada. Economize também nos benjamins;
- Cuidado com a fiação que usa em casa. Determinados equipamentos, como computador e ar-condicionado, exigem fios especiais. No caso de passar cabos por fora da parede, proteja-os com canaleta, para que não corram o risco de ser danificados e, assim, causar faíscas;
- Se precisar deixar um aparelho eletrônico ligado por diversas horas, lembre de monitorá-lo. Nada impede que ele fique superaquecido e comece a pegar fogo;
- Fique atento aos livros e documentos que estejam na última prateleira da estante, quase colocados no teto. Se houver um lustre por perto, o calor emitido pelas lâmpadas é suficiente para queimar papel.

O mito do botijão
Quem nunca escutou uma história de incêndio provocado por botijão de gás? Muito se fala sobre esse utensílio comum nos lares da maioria da população, no entanto nem tudo é verdade.

O sargento Cardoso afirma que, ao contrário do que bastante gente pensa, o bujão clássico é de 13 kg jamais irá explodir, porque é feito de um material resistente e não tem oxigênio em seu interior, o que rompe logo de cara o triângulo do fogo. Esse tipo de acidente costuma acontecer em função do gás que se acumula no ambiente e reage a qualquer faísca. Portanto, ao sentir o seu cheiro característico, em hipótese alguma acenda a luz ou ligue equipamento elétrico. Apenas abra janelas e principalmente portas para eliminar o gás que se acumulou no ambiente.

Fora isso, o tenente Nelson Pinheiro Duarte, do Corpo de Bombeiros de Santos, diz que a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) veta o uso de botijões nos apartamentos de prédios residenciais que dispõem de gás encanado ou que foram construídos após 1996. Nos condomínios erguidos antes desse período e em casas, não há problemas em utilizar u bujão. “Mas não cabe aos Bombeiros penalizar quem desrespeita a legislação, com multas, por exemplo. Essa é uma responsabilidade da Prefeitura. Nós somente indicamos as irregularidades. Quando falamos de edifícios comerciais e armazéns, a situação muda. Ou monta-se uma central de gás, ou instala-se fogão elétrico e de microondas”.

Confira outras dicas para que a cozinha não ameace a segurança do resto da casa:
- Não armazene botijões em gabinetes fechados. Desse jeito, você reduz as chances de, durante um vazamento de gás, o espaço se transformar em uma bomba-relógio praticamente oculta;
- Para descobrir se existe liberação de gás para o ambiente, passe uma esponja úmida e com detergente no registro do bujão. Se bolhas de espuma surgirem no local, tome logo providências;
- Ao instalar o botijão, não permita que a mangueira fique em contato com a parte de trás do fogão. Se for necessário, mude o bujão de lugar. “Os eletrodomésticos mais novos têm entradas de ambos os lados”, acrescenta o tenente Daniel Gonçalves, do Corpo de Bombeiros de São Vicente;
- Por último, não seja displicente ao cozinhar. Acompanhe os alimentos enquanto fritam ou assam;
- Manuseie o microondas de acordo com as orientações do fabricante.

Deixando a área
Imagine que você está em uma situação de risco em um prédio residencial ou comercial. Agora, qual seria a sua atitude: ajudar a levar todo mundo para um local seguro, sair o mais rápido possível sem se importar com os outros e tentar controlar o fogo e o que mais oferecer perigo? Pensou certo quem escolheu a primeira alternativa, a de tentar socorrer as pessoas.

Em um incêndio, por exemplo, devemos acionar o alarme, chamar os Bombeiros e cortar as redes de gás e energia, de modo que, nessas horas, não é nem um pouco aconselhável pegar o elevador. Na seqüência, torna-se essencial reunir todos em um único ponto para evacuar o lugar rumo ao térreo.

A melhor saída são as escadas, que precisam ter um acesso bem sinalizado, estar livres de caixas e sacos e oferecer luzes de emergência, corrimãos e faixas antiderrapantes – itens que também podem ser incorporados às casas. “Não podemos voltar para pegar objetos ou refazer caminhos. O fluxo nas escadas tem de ser dividido: as pessoas se locomovem pelo canto direito e os bombeiros, pelo esquerdo”, observa o sargento Cardoso.

Ao passar por trechos com fumaça, o segredo é andar agachado com um pano sobre a boca, pois os gases costumam se concentrar próximo do teto. E, antes de entrar em qualquer ambiente, repare se a porta está quente, o que é sinal de que existe fogo do outro lado.

Mais um detalhe que faz a diferença: a roupa protege o nosso corpo do calor. Apenas os trajes sintéticos oferecem risco, já que, conforme esquentam, tendem a encolher. “No caso de alguém se ferir, o mais seguro é que a vítima seja escoltada por duas pessoas”, diz o sargento Cardoso. “Se uma pessoa começar a pegar fogo, abafe a parte do corpo que está em chamas com um cobertor ou um tecido de algodão, indo do pescoço em direção aos pés”, conclui o tenente Daniel Tenório dos Santos, do Corpo de Bombeiros de Santos.

Adeus às chamas
Há três tipos mais comuns de extintor – por isso, antes de acioná-lo, preste atenção na etiqueta que o acompanha. Cada um deve ser usado em uma situação específica, para apagar um foco de fogo por vez. Também vale ressaltar que todos os modelos disponíveis no mercado têm validade de um ano e, a cada cinco anos, precisam passar por uma bateria de testes. Sem contar que basta que o anel de vedação seja retirado para que necessitem de uma recarga.

• Extintor de água pressurizada: ideal para o fogo de classe A, ou seja, aquele provocado por combustíveis sólidos (madeira, tecido, carpete, papel, plástico, etc) e que deixa cinzas. Em geral, tem 10 litros, se esgota em um minuto e emite esguichos com alcance médio de 10 metros. A cor verde predomina nos dizeres de sua embalagem;

• Extintor de pó químico seco: mais indicado para combater o fogo de classe B, gerado por líquidos e gases inflamáveis (álcool, gasolina, gás de cozinha, óleos, tintas e etc.). Também pode ser utilizado na chama de classe C, aquela que atinge um equipamento elétrico – só que o pó danifica ainda mais o aparelho. Esse extintor traz o preto como cor principal de seu rótulo e normalmente é menor do que o de água. O formato encontrado em carros tem 1 kg, em vans – 2 kg, enquanto o tamanho mínimo para empresas e residências é 4 kg. Essa última versão produz jatos de cinco metros e fica vazia em 15 segundos;

• Extintor de gás carbônico (CO2): pode ser aplicado no fogo de classe B, mas é fundamental para o incêndio do gênero C, porque quase não compromete o que sobrou do equipamento elétrico. È um pouco menor que o extintor de água e sua mangueira tem uma boca larga, onde a pessoa deve segurar para não machucar a mão com gás que sai a -42°C. O modelo tradicional contém 6 kg de CO2 e, por gerar jatos de 2,5m, se esgota em um minuto. O azul se destaca em sua embalagem.
(Fonte: CENTRO DE TREINAMENTO DE BRIGADA DE INCÊNDIO ÁGUIA DE FOGO)

Mais emergências
A seguir, os tenentes Daniel dos Santos e Daniel Gonçalves alertam sobre outros perigos rotineiros:
- As pessoas que colocam uma panela de pressão quente debaixo da água da torneira correm o risco de o recipiente explodir com o choque térmico;
- Guarde objetos pequenos e cortantes e substâncias químicas (óleo de cozinha, perfumes, remédios, maquiagem, produtos de limpeza, etc) longe do alcance das crianças. De preferência, em lugares altos e com trava;
- Embora seja algo básico, muita gente tem esquecido de atravessar a rua pela faixa de pedestre e de, antes, olhar para os dois lados;
- Fique atento ao andar pela rua para não tropeçar ou machucar a perna em um buraco;
- Nos dias de chuva, o chão das calçadas e ruas costuma ficar mais escorregadio, porque a água diminui o atrito do solo com os nossos pés, sapatos e faz até com que as rodas dos carros derrapem com mais facilidade. Desse modo, diminua a velocidade;
- Se usa moto ou bicicleta, não abra mão de equipamentos de segurança, como o capacete, e de roupas e calçados resistentes, como os de couro, que conseguem proteger o corpo durante um acidente;
- Por mais simples que a batida e o atropelamento pareçam ser, não movimente a vítima. Certas lesões não podem ser percebidas a olho nu, nem provocam dor imediata. O melhor a fazer é sinalizar a área, deixar a pessoa parada e chamar socorro. Se ela apresentar cortes leves, não há problemas de estancá-los com uma gaze, uma atadura ou um pano limpo, desde que utilize uma luva de plástico e não mexa tanto na ferida, o que atrapalha o processo de coagulação;
- Em qualquer emergência médica, aja somente se tiver certeza do que vai fazer. Sempre ligue para os Bombeiros (193), que podem dar orientações por telefone, ou solicite uma ambulância pelo 192;
- O gás de cozinha também pode matar por asfixia.

(Fonte : Veiculado na AT Revista, em 23/03/2008)

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