Naqueles dias de muito sol e calor, quem nunca se escondeu sob os galhos e folhas de uma árvore? Pois sabe aquela sensação de bem-estar que a sombra de uma árvore proporciona? Esse conforto, que é maior sob a copa da árvore, pode ser sentido a uma distância de até 50 metros do tronco, dependendo da espécie. 

Em Santos, cerca de 30 mil árvores contribuem para que as pessoas possam ter conforto térmico. Isso não ocorre somente devido à sombra que elas fazem, mas também graças ao aumento da umidade relativa do ar e da diminuição da temperatura. A informação é da arquiteta Loyde Vieira de Abreu, que confirmou isso em sua pesquisa de mestrado realizada na Universidade de Campinas (Unicamp).

De acordo com o estudo de Loyde, um bom exemplo disso é o jambolão. Em um dia, essa árvore chega a perder 101 litros de água. A 10 metros dela, a umidade média relativa do ar chega a 100% e, a 50 metros, a 89,5%. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera preocupantes índices inferiores a 30%, pois oferecem riscos à saúde.

São as gotículas que envolvem a planta que proporcionam a sensação de conforto, mesmo quando a pessoa está sob o sol ­ mas próxima da árvore. E quanto maior o número de árvores, maior a sensação de conforto térmico, uma vez queo efeito é potencializado.

Ainda de acordo com Loyde, além de aumentar a umidade relativa do ar do entorno, as árvores ajudam na absorção de parte da radiação. "A sombra da árvore absorve a radiação solar e filtra essa radiação que vai chegar à terra, o que evita a emissão de ondas longas de radiação", explica a arquiteta.

Para chegar a esses resultados, a arquiteta pesquisou quatro árvores isoladas: uma mangueira, um jambolão, um jacarandá e um ipê amarelo, além de um grupo de chuvas-de-ouro com cinco árvores.

As medições mostraram por quanto tempo cada uma delas proporcionou conforto térmico ao longo de um dia.

Diante dos resultados obtidos, Loyde concluiu, em sua pesquisa, que "a arborização contribui significativamente para a melhoria do micro-clima, em ambientes externos, mesmo ao sol".

Segundo a pesquisadora, "diretamente, a radiação solar atenuada pelas árvores é capaz de reduzir a temperatura do ar; indiretamente, a evapotranspiração da vegetação é responsável pela umidificação local".

Como Santos possui clima úmido, Loyde lembra que árvores com folhas menores são as mais adequadas para a região, uma vez que permitem que o vento passe e leve a umidade para dentro da Cidade. "Tem que avaliar qual a melhor espécie, mas jacarandás, ipês e chuva-de-ouro são indicados".

PLANTIOS

Em Santos, 103 mudas de ipês roxos -­ espécies que proporcionam conforto térmico por cinco horas até a 50 metros de distância -­ deverão ser plantados na Avenida Pinheiro Machado (Canal 1) até o final do ano. As avenidas Almirante Cochrane (Canal 5) e Coronel Joaquim Montenegro (Canal 6), respectivamente, receberão 82 mudas de oiti e 62 de aleluia.

Essas árvores fazem parte de um grupo de 552 que o Departamento de Parques e Áreas Verdes da Secretaria de Meio Ambiente irá plantar na Cidade. Parte delas começa a ser plantada este mês.

Segundo a chefe do departamento, Gisela Aparecida Rodrigues Álvares, os plantios tiveram início nas avenidas Bernardino de Campos (Canal 2 ­ 84 mudas de manacá-da-serra), Washington Luiz (Canal 3 ­ 134 mudas de magnólia amarela) e Siqueira Campos (Canal 4 ­ 87 mudas de pauferro). Ingazeiros e chapéusde-sol não são mais plantados, conforme Gisela, porque não são apropriados para o clima da região.

"Quanto mais arborizada a cidade, maior a qualidade de vida de seus habitantes", confirma Gisela. "As árvores produzem sombra, reduzem a temperatura, a poluição urbana; amenizam a poluição sonora e liberam oxigênio na atmosfera".


Fonte: Matéria publicada em A Tribuna - 07/11/2008