A partir do próximo ano, o Brasil deve ganhar a primeira usina do mundo a produzir biodiesel de esgoto. A tecnologia, 100% nacional, vem se juntar a outras fontes alternativas, como usinas que geram energia a partir do lixo doméstico ou que transformam o esgoto em gás metano.

Para que o leitor tenha uma idéia do que esse tipo de proposta representa do ponto de vista energético, basta dizer que o lixo gerado nas nove cidades da Baixada Santista equivale a 40 mil barris de petróleo ou,se quiser,US$4,8 milhões ao ano.

É o caso, por exemplo, do Distrito Federal, onde uma usina de reaproveitamento e geração de energia a partir do lixo doméstico deve entrar em funcionamento em 2009, atendendo um pólo de 19 cidades, incluindo Brasília.

GÁS E ELETRICIDADE

O professor Sabetai Calderoni, um dos consultores do projeto, explica que a iniciativa prevê a transformação do lixo orgânico em adubo e gás metano.

"Esse tipo de adubo é rico em nitrogênio, fósforo e potássio, fundamentais nos fertilizantes, podendo, portanto, ser revendido para as indústrias do setor. Já o metano pode ser convertido em eletricidade".

Segundo Luciano Basto, pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Instituto Virtual Internacional de Mudanças Globais (IVIG), o metano oriundodo lixo orgânico daBaixada Santista seria suficiente para levar eletricidade a 80 mil pessoas por dia. "O cálculo demonstra a viabilidade de se implantar uma usina de geração de energia a partir do lixo no Litoral Paulista".

Luciano é o responsável pelos estudos que culminaram no primeiro processo mundial paraextração de biodiesel da escuma do esgoto, uma camada superficial e rica em gordura. O resultado foi tão bom que o projeto foi patenteado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

"É a primeira patente de biodiesel de esgoto do mundo. Somos pioneiros. Como resultado disso, fechamos uma parceria com a Companhia de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae) para instalar uma usina piloto a partir do começo de 2009 para produzir biodiesel", diz Basto.

ESGOTO ELÉTRICO

Já no Paraná, mais precisamente em Foz do Iguaçu, a Sanepar, em parceria com a Itaipu Binacional, inaugurou recentemente uma estação de tratamento de esgoto que gera sua própria energia elétrica. Com o sugestivo nome de Ouro Verde, a estação converte o esgoto de 18 mil pessoas em gás metano, que por sua vez movimenta uma turbina que gera 990 kW/h de energia elétrica.

O volume é suficiente para zerar a conta de energia da empresa, que responde por 16% do custo final do tratamento de esgoto, além de gerar um excedente que pode ser repassado para a rede doméstica de abastecimento.

O engenheiro Péricles Weber, responsável pelo projeto da Sanepar, lembra que a energia limpa possibilita a redução na emissão dos gases responsáveis pelo efeito estufa e pode significar, para a empresa de saneamento, a venda de créditos de carbono nomercado, conforme estabelece o Protocolo de Quioto.

15 MIL CASAS

No Rio de Janeiro, a Usina Verde, que funciona desde 2002, é um projeto que funciona em módulos. Cada um deles tem capacidade para tratar 150 toneladas-dia de resíduos sólidos urbanos, com geração de 3,3 MWh de energia elétrica.

A capacidade de cada módulo atende à demanda de destinação final de aproximadamente 180 mil pessoas e a energia gerada pode abastecer quase 15 mil residências.

Atualmente, estima-se que mais de 130 milhões de toneladas-ano de lixo urbano, na Europa, Ásia e América do Norte, têm como destino final as cerca de 750 usinas de tratamento térmico com geração de energia localizadas em 35 países, totalizando potência superior a 11 mil mega watts (MWh).



Fonte: A Tribuna Online - 08/12/2008

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