MICHELLA GUIJT
DA REDAÇÃO

Quem vive em um dos 4.121 edifícios de Santos já deve ter sentido no bolso o aumento na conta do condomínio ao longo dos últimos anos.Devido à variedade de prédios existentes (dos conjuntos mais acanhados às novas torres residenciais), não há como especificar um valor médio na Cidade ou no Estado e, consequentemente, sua variação.

Porém, seja num espigão à beira-mar ou em um prédio onde o custo de vida é menor, a tendência foi de alta na fatura do condomínio. Em alguns casos, muito além da inflação. O síndico profissional Tibúrcio de Sousa, que cuida de dez conjuntos residenciais, confirma. “Independentemente do perfil do prédio, basta fazer um breve histórico para verificar o acréscimo”.

Um de seus clientes é um prédio de três andares, com 15 apartamentos, no Marapé. “Este é o perfil mais econômico, devido à ausência de elevador e da necessidade de muitos funcionários. Em 2010, o condomínio  custava R$ 150,00. Hoje, de R$ 200,00 a R$ 215,00”.

Os moradores desse prédio  arcaram com aumento de 33,3%no condomínio, se considerada a variação mais baixa (ou seja, para R$ 200,00). Em outro cliente do síndico profissional, a alta é a mesma. “Em um prédio de nove andares, com 35 unidades e elevador, no Boqueirão, o condomínio passou de R$ 450,00 para, em média, R$ 600,00”. Os valores, nos dois prédios, incluem a cota condominial (despesas ordinárias) e também as taxas extraordinárias (como as destinadas a fundos de reserva e de obras).

INFLAÇÃO

Se comparados aos dados do Núcleo de Pesquisas e Estudos Socioeconômicos (Nese) da Universidade Santa Cecília (Unisanta), os exemplos citados superam em quase três vezes a inflação de Santos no mesmo período, que foi de 11,7%. O Nese publica mensalmente o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Cidade.

Porém, o relatório não cita o subgrupo Condomínios (menciona apenas Habitação, no qual é medida, também, a variação de preços como aluguéis e IPTU). A pedido de A Tribuna, o coordenador do Nese, Jorge Manuel de Souza Ferreira, informou os dados relacionados aos condomínios que compuseram o acumulado do IPC de Santos, no último biênio. “Desconsiderando as despesas do fundo de obras, que é um custo não cobrado em muitos prédios, podemos dizer que o preço dos condomínios aumentou 12,3% nos últimos dois anos”. Mais uma vez, a alta estimada no preço dos condomínios santistas supera o índice inflacionário medido na Cidade.

Mão de obra, mais de 50% dos gastos

As despesas com mão de obra correspondem a mais da metade dos gastos que compõem a fatura mensal do condomínio. “Além do salário, há os encargos trabalhistas, como o vale-transporte, INSS, PIS e cesta básica.

Em alguns casos, o gasto com funcionários corresponde até 80% do total do condomínio”, afirma o presidente do Sindicato das Empresas Administradoras de Bens e Condomínios de Santos e Região (Seabens), Horácio Prol Medeiros. De acordo com o Sindicato dos Empregados em Edifícios de Santos, o reajuste salarial médio da categoria, no último biênio, foi de 8%.



As despesas com água e luz e os encargos administrativos completam as despesas ordinárias. Há, também, as despesas extraordinárias, como o fundo de obras.

SAÍDA

Assim como na administração das despesas familiares, a solução para baixar o valor do condomínio é enxugar os gastos. “Não tem fórmula mágica. É impossível fazer economia sem cortar os excessos”, diz o síndico do Condomínio Planeta, Milton Vieira.

Há cerca de sete anos, quando assumiu o cargo de síndico desse edifício residencial, localizado no Boqueirão, Vieira percebeu o número elevado de funcionários que faziam horas extras. “Havia meses em que registrávamos mais de 4 mil horas extras. Aos poucos, fui adequando as escalas e o número de funcionários. Com isso, conseguimos reduzir em 50% as horas extras”, diz Vieira.

RESULTADO

O saldo positivo foi a manutenção do valor do condomínio nos últimos anos. “Como reduzimos os gastos com a mão de obra, conseguimos manter a média do valor do condomínio. Outro resultado foi fazer os serviços necessários sem causar impactonas finanças dosmoradores”, conta o síndico. Nos últimos dois anos, a taxa condominial (sem as extraordinárias) do edifício Planeta subiu de R$ 155,73 para R$ 167,92 (7,8%). O índice é inferior à inflação do subgrupo Condomínio medido pelo Nese (12,3%).

Fundo de obras: bás

Apesar de não ser obrigatório, o fundo de obras é uma despesa considerada essencial. Segundo o síndico profissional Tibúrcio de Sousa, alguns prédios definem sua cobrança mensal em valores fixos. Outros optam por percentagens. “É imprescindível que o condomínio tenha um fundo de obras, porque é uma reserva financeira que viabiliza a realização de serviços estruturais, como limpeza e pintura da fachada.

Eles têm alto custo”, destaca Sousa. O presidente do Sindicato dos Condomínios Prediais do Litoral Paulista (Sicon), Rubens Moscatelli, confirma a necessidade do fundo de obras. Porém, ele classifica a ferramenta como reflexo da principal causa do aumento dos custos condominiais: a má gestão. “O fundo de obras, normalmente, supre a falta de planejamento.

Em muitos casos, ele até é usado para serviços emergenciais. E, para essas despesas inesperadas, há o fundo de reserva, que é obrigatório e deve ter sua cota definida na convenção condominial”, explica Moscatelli. Segundo ele, é possível prever os serviços necessários ao longo de um ano, desde que o síndico faça a lição de casa. “Administrar um condomínio não é uma tarefa fácil.

É preciso conhecer, de fato, todas as suas carências para projetar a execução dos serviços de acordo com o orçamento disponível. E o mais importante: sem encarecer o custo pago pelos moradores”, conclui o presidente do Sicon. O sindicato promove mensalmente palestras gratuitas sobre as demandas da vida em condomínio. Mais informações podem ser obtidas no Sicon, pelo telefone 3326-3083.

Fonte: Jornal ATribuna
Data: 02/07/2012
Caderno: Local A-3
Imagens: Jornal ATribuna

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