Michelle Schneider

Já diria Maquiavel, “não basta chegar ao poder, o difícil é se manter nele”. Ainda mais quando o tempo é pouco e as atividades e responsabilidades são muitas. Quando se é síndico então, as responsabilidades triplicam: é o morador do apartamento 32 que brigou com o do 45, o que não pagou o condomínio, ou a caixa d’água que está com problema, e por aí vai.

Com tantas dificuldades para administrar, não é à toa que os síndicos têm abandonado seus cargo, passando estas responsabilidades para as administradoras dos prédios, segundo o presidente do Sindicato dos Condomínios Prediais do Litoral Paulista (Sicon), Rubens José Reis Moscatelli. Segundo Moscatelli, a diferença básica entre o síndico tradicional para o profissional (ou como também é conhecido síndico remunerado) é que o síndico tradicional, geralmente, é proprietário de um dos imóveis do próprio prédio. Já o síndico profissional recebe um salário mensal, que normalmente é em torno de R$ 800, e na maioria das vezes, não é dono de nenhum imóvel do prédio e nem mora no local.

Conforme o presidente do sindicato, esta debandada dos síndicos teve início em meados dos anos 90 na Capital. Mas até então, os prédios que mais adotavam este sistema eram os de centros comercias. "Hoje, nota-se que este número vem aumentando, não há um percentual específico, mas este aumento fica claro porque as administradoras passaram a tomar conta também de edifícios residenciais".

Um exemplo disso é o caso do edifício El Grove, cujo cargo de síndico é ocupado pelo administrador Carlos Alberto Vieira de Souza, que é administrador da Administradora Soluções, responsável pela administração do edifício. Ele conta que resolveu se tornar síndico do prédio depois que o proprietário do El Grove brigou com a antiga administradora, que na época, além de administrar o prédio também prestava o serviço de síndica. "Já faz uns dois anos que eu estou como o síndico aqui. Mas eu não gosto do serviço não. É muita responsabilidade e você tem que estar a disposição do prédio 24 horas".

O administrador afirma que só resolveu prestar este serviço, porque é amigo do proprietário do prédio há cerca de oito anos. "Tanto que, outros três prédios já pediram para que eu ficasse no lugar do síndico, mas eu resolvi recusar por causa da responsabilidade. Além do mais, eu não teria tempo suficiente para dar toda a assistência necessária para estes prédios".

Para Souza, o fato das pessoas deixarem os cargos de síndico de lado deve-se não só a falta de tempo, mas também a falta de competência. "São vários os motivos que causam a perca da vontade das pessoas em querer assumir o cargo de síndico. É a falta de competência em administrar algo, é o medo de assumir responsabilidades. Sem contar que, hoje, ninguém quer ficar responsável por nada. Ninguém quer complicação".

Quanto as vantagens de se ter um síndico profissional, tanto o presidente da Sicon como o administrador do edifício El Grove concordam que as vantagens não são muitas porque ao colocar a administradora como síndica, os moradores acabam perdendo um o controle do que está acontecendo no prédio. "Afinal mesmo a administradora estando presente e prestando contas sobre o que está sendo feito em prol do edifício, não é a mesma coisa que o morador ter como síndico alguém que more no prédio e saiba exatamente o que acontece durante o dia-a-dia", afirma Moscatelli.

Para Souza, apesar dele prestar o serviço de administrador e síndico do El Grove, "o correto seria manter os síndicos tradicionais, porque a administradora como síndica acaba sendo uma geradora de despesas que tem que pagar a conta final. Afinal ela é a é síndica e, ao mesmo tempo, administradora. Logo, tem a obrigação de pagar por estas despesas".

Conseqüentemente, o morador acaba não tendo a certeza se as quantia proposta pela síndica-administradora foram corretas. Ele diz ainda que a única vantagem em se ter como síndico a administradora é que pelo menos os moradores terão a certeza de que a pessoa que esta administrando "é uma empresa especializada e com experiência. E que não está se guiando pelo achismo".

    (Fonte: Veiculado no site: http://www.online.unisanta.br em 01/10/2005)




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